Prof. Olavo de Carvalho
615 Páginas
Editora Record
"O Mínimo…” reúne, basicamente, artigos que Olavo publicou em jornais e revistas, inclusive nas revistas “República” e “BRAVO!”, das quais fui redator-chefe — e a releitura, agora, em livro, me remeteu àqueles tempos. Impactam ainda hoje e podiam ser verdadeiros alumbramentos há 10, 12, 13 anos, quando o autor, é forçoso admitir, via com mais aguda vista do que todos nós o que estava por vir. Olavo é dono de uma cultura enciclopédica — no que concerne à universalidade de referências —, mas não pensa por verbetes. E isso desperta a fúria das falanges do ódio e do óbvio. Consegue, como nenhum outro autor no Brasil — goste-se ou não dele —, emprestar dignidade filosófica à vida cotidiana, sem jamais baratear o pensamento. Isso não quer dizer que não transite — e as falanges não o fustigam menos por isto; ao contrário — com maestria no terreno da teoria e da história. É autor, por exemplo, da monumental — 32 volumes! — “História Essencial da Filosofia” (livros acompanhados de DVDs). Alguns filósofos de crachá e livro-ponto poderiam ter feito algo parecido — mas boa parte estava ocupada demais doutrinando criancinhas… Há o Olavo de “A Dialética Simbólica” ou de “A Filosofia e seu Inverso”, e há este outro, que é expressão daquele, mas que enfrenta os temas desta nossa vida besta, como disse o poeta, revelando o sentido de nossas escolhas e, muito especialmente, das escolhas que não fazemos" [Reinaldo Azevedo - Veja Online]
10 comentários:
Estou com uma lista para lá de grande de livros que estou lendo, uns sete ou oito, e com o tempo cada vez mais curto para terminá-los, quando fiquei sabendo da pré-venda do novo livro do Prof. Olavo de Carvalho, "O Mínimo que você precisa saber para não ser um idiota", organizado pelo Felipe Moura Brasil. Então, pensei, será que dá para parar um dos livros que estou lendo e colocá-lo na fila, enquanto degusto o novo do prof. Olavo? Como estava em pré-estreia, achei por bem esperar mais um pouco, para quando estivesse nas livrarias.
Então, recebi uma amostra grátis da Amazon em meu Kindle. Comecei a ler e, quando terminei, já estava no notebook procurando o livro físico e o melhor preço. Achei-o por R$ 50,00 [livro + frete], na Livraria Saraiva, já que a versão Kindle custava R$ 43,00, e não dá para pagar quase o mesmo valor que uma edição física.
Pois bem, ele acaba de chegar, e já li umas 50 páginas, mais ou menos. É compulsiva a leitura, quase uma obsessão... Mas, de todas as características que tornam o prof. Olavo de Carvalho em um mestre, a que mais me salta aos olhos é a vocação, dedicação, ao ensino [e são muitas as suas virtudes, como o jornalista Reinaldo Azevedo descreve no pequeno trecho pinçado de sua postagem que está nesta apresentação]. Muitos podem apontar a sua inteligência, vasta cultura, precisão, argumentação, etc, mas o que vejo é um professor, um educador, dedicado e que tem amor à sua missão: ensinar, seja qual for o texto e o tema, temos sempre diante de nós alguém empenhado em ensinar. E há sempre muito que aprender com ele, e é o que tenho feito nos últimos três anos, mais ou menos.
Por isso, indico necessariamente este e todos os livros do prof. Olavo de Carvalho.
Leiam, leiam, sem parar!
Excelente... ainda mais vindo de quem entende de fato cada palavra, texto, ideia, argumento, fato... parabéns amigo!
Prof. Olavo, sobre o exercício saudável da inteligência, inclusive como freio moral:
"Perguntaram-me uma vez, num debate, como definia a honestidade intelectual. Sem pestanejar, respondi: é você não fingir que sabe aquilo que não sabe, nem que não sabe aquilo que sabe perfeitamente bem. Se sei, sei que sei. Se não sei, sei que não sei. Isto é tudo. Saber que sabe é saber; saber que não sabe é também saber. A inteligência não é, no fundo, senão o comprometimento da pessoa inteira no exercício do conhecer, mediante uma livre decisão da responsabilidade moral. Daí que ela seja também a base da integridade pessoal, quer no sentido ético, quer no sentido psicológico. Todas as neuroses, todas as psicoses, todas as mutilações da psique humana se resumem, no fundo, a uma recusa de saber. São uma revolta contra a inteligência"
Viktor Frankl [autor do ótimo livro, Em Busca de Sentido, já comentado aqui], citado pelo prof. Olavo:
"Não foram apenas alguns ministérios de Berlim que inventaram as câmaras de gás de Maidanek, Auschwitz, Treblinka: elas foram preparadas nos escritórios e salas de aula de cientistas e filósofos niilistas, entre os quais se contavam e contam alguns pensadores anglo-saxônicos laureados com o Prêmio Nobel. É que, se a vida humana não passa do insignificante produto acidental de umas moléculas de proteína, pouco importa que um psicopata seja eliminado como inútil e que ao psicopata se acrescentem mais uns quantos povos inferiores: tudo isto não é senão raciocínio lógico e consequente."
Olavo de Carvalho a respeito de moral e responsabilidade interiores:
"A diferença entre a técnica religiosa e seus sucedâneos modernos é que ela sintetizava, numa mesma vivência dramática, a dor da culpa e a alegria da completa libertação — e isto as “éticas leigas” não podem fazer, justamente porque lhes falta a dimensão do Juízo Final, da confrontação com um destino eterno que, dando a essa experiência uma significação metafísica, elevava o anseio de responsabilidade pessoal às alturas de uma nobreza de alma com o qual as exterioridades da “ética cidadã” não podem nem mesmo sonhar. Há dois séculos a cultura moderna vem fazendo o que pode para debilitar, sufocar e extinguir na alma de cada homem a capacidade para essa experiência suprema, na qual a consciência de si é exigida ao máximo e na qual — somente na qual — alguém pode adquirir a autêntica medida..."
Olavo de Carvalho acerca do desejo de conhecimento geral, e o desconhecimento particular arraigado nos brasileiros:
"Precisei viajar um bocado pelo mundo para me dar conta de que Aristóteles se referia à natureza humana em geral e não à cabeça dos brasileiros. De fato, o traço mais conspícuo da mente dos nossos compatriotas era o desprezo soberano pelo conhecimento, acompanhado de um neurótico temor reverencial aos seus símbolos exteriores: diplomas, cargos, espaço na mídia. Observava-se essa característica em todas as classes sociais, e até mais pronunciada nas ricas e prósperas. Qualquer ignorante que houvesse recebido em herança do pai uma fábrica, uma empresa de mídia, um bloco de ações da Bolsa de Valores, julgava-se por isso um Albert Einstein misto de Moisés e Lao-Tsé, nascido pronto e habilitado instantaneamente a pontificar sobre todas as questões humanas e divinas sem a menor necessidade de de estudo. Se houvesse lido alguma coisa no último número da Time ou do Economist, então, ninguém segurava o bicho: suas certezas erguiam-se até as nuvens, imóveis e sólidas como estátuas de bronze - sempre acompanhadas, é claro, das advertências céticas de praxe quanto às certezas em geral, sem que a criatura notasse nisso a menor contradição. Caso faltassem os semanários estrangeiros, um editorial da Folha supria a lacuna, fundamentando verdades inabaláveis que só um pedante viciado em estudos ousaria contestar".
"Aristóteles tinha razão: o desejo de conhecer é inato. O Brasil é que havia falhado em desenvolver nos seus filhos a consciência da natureza humana, preferindo substituí-la por um arremedo grotesco de sabedoria infusa".
Esta coletânea abrange um período amplo do trabalho de cronista do prof. Olavo. E, já nos textos mais antigos, percebe-se a sua lucidez e capacidade intelectual de vislumbrar o futuro em análises precisas do que estaria no porvir. Quando muitos, pela própria incapacidade do exame minucioso, ridicularizavam-no, demonstrando até que ponto a desonestidade intelectual tornou-se uma profissão de fé entre os brasileiros, ver que o tempo confirmou muitas das suas "profecias" deveria ser motivo para que os olhos se abrissem, as vendas fossem tiradas, e a realidade vislumbrada. Infelizmente, assim como àquela época, muitos ainda se recusam a vê-la, insistindo em uma falsa realidade, no sonho impossível e no pesadelo tangível.
Por isso, indico necessariamente este e todos os livros do prof. Olavo de Carvalho; pode-se não concordar com ele, mas ao menos, se não concordar, saber-se-á porquê.
Sobre o marxismo e suas vertentes tidas como mais ou menos palatáveis, o socialismo e o comunismo; e sua aceitação, por osmose, como uma ideologia superior, senão, aceitável:
"Quando se fala dos 100 milhões de vítimas do socialismo, isto se refere a pessoas assassinadas de propósito, por ordem de governantes, em tempo de paz. São “inimigos de classe” liquidados mediante fuzilamentos, enforcamentos, espancamentos, torturas várias e inanição forçada. São vítimas de genocídio deliberado. Seu número não inclui nem soldados mortos em combate, nem vítimas civis da guerra ou de crimes comuns, nem muito menos taxas de mortalidade infantil ou cálculos de diminuição da expectativa de vida média por conta da ineficácia econômica do socialismo. Se incluísse, o total, na mais modesta das hipóteses, duplicaria. Mas, mesmo sem isso, 100 milhões já bastam para tornar o socialismo, desde o simples ponto de vista quantitativo, um flagelo mais mortífero que duas guerras mundiais somadas, mais todas as epidemias e terremotos deste e de vários séculos. Quando, nada tendo a opor à realidade brutal desses dados, o propagandista do socialismo quer aliviar a má impressão desviando os olhos do público para os “horrores do capitalismo”, ele não encontra aí nada de parecido. Nem Gulag,4 nem fuzilamentos em massa, nem expurgos, nem guardas vermelhos a retirar professores de suas cátedras para espancá-los até a morte."
"Sob qualquer aspecto que se examine, o socialismo não é de maneira alguma uma ideia decente, que se possa discutir tranquilamente como alternativa viável para um país, ou que se possa, sem crime de pedofilia intelectual, incutir em crianças nas escolas. É uma doutrina hedionda, macabra, nem um pouco melhor que a ideologia nazista, e que, para cúmulo de cinismo, ainda ousa falar grosso, em nome da moral, quando condena os excessos e violências, incomparavelmente menores, que seus adversários cometeram no afã de deter sua marcha homicida de devoradora de povos e continentes."
"Acreditar nessa gente, ainda que por breves instantes, é desmantelar o próprio cérebro, é destruir em nossas almas a capacidade para as distinções mais elementares e autoevidentes. Por isso já não tenho mais paciência com pessoas que consentem que seus filhos sejam submetidos a esse tipo de estupidificação. Por um tempo, imaginei que fossem apenas idiotas, covardes ou preguiçosos. Mas a idiotice, a covardia e a preguiça têm limites: ultrapassado um certo ponto, transformam-se na modalidade mais requintada e sutil de canalhice."
Sobre o marxismo como uma ideologia que perverte a realidade e, em seu lugar, coloca um zumbi insensível e faminto:
"O capitalismo não é uma ideologia — é uma realidade continuamente aperfeiçoada pela ciência. Ideologia é o socialismo — o vestido de ideias que encobre as ambições sociopáticas5 de semi-intelectuais ávidos de poder. E uma prova a mais de que isso é assim poderá ser dada por eventuais reações socialistas a este artigo, as quais, como todas as contestações a meus artigos anteriores, não conseguirão, e aliás nem tentarão, impugnar a veracidade de nenhuma de suas afirmações, mas se limitarão a expressar descontentamento e revolta contra sua publicação."
"O confronto de socialistas e liberais não opõe ideologia a ideologia: a defesa do socialismo é sempre a autoatribuição ideológica dos méritos imaginários de um futuro possível; a do capitalismo é sempre a análise científica de processos econômicos existentes e dos meios objetivos de aumentar sua eficiência. Malgrado tudo quanto se possa alegar contra ele sob outros aspectos (e eu mesmo não tenho deixado de alegá-lo), o capitalismo não somente gerou riquezas incalculáveis, mas pôs em ação os meios práticos de distribuí-las ao povo e criou instituições como a democracia parlamentar, a liberdade de imprensa, os direitos humanos, ao passo que o socialismo só o que fez até hoje foi prometer um futuro melhor ao mesmo tempo que reintroduzia o trabalho escravo banido pelo capitalismo, suprimia todos os direitos civis e políticos conhecidos, reduzia mais de 1 bilhão de pessoas a uma angustiante miséria e, para se sustentar no poder, recorria a meios de uma crueldade quase impensável, como por exemplo a empalação e o esfolamento de prisioneiros — um recurso muito usado durante o governo de Lenin."
"Assim que, na imaginação dos que se dizem bem-intencionados, o crime se converte em mérito, e o perdão em crime. Admito que a visão do mal, nas proporções com que surge no fenômeno socialista, é em si mesma estupefaciente — o bastante para que a alma vacilante, diante dela, dificilmente resista à tentação de negar a realidade, como os olhos do poeta, diante da “sangre derramada” de seu amigo Ignacio Sanchez, gritavam desesperados: “No! Yo no quiero verla!” Admito que a fraqueza humana, para se defender instintivamente da atração hipnótica do mal, prefira negá-lo. Mas a ignorância voluntária é, já, a vitória do mal."
Mais um pouco sobre a canalhice marxista:
"Quando alguém me diz que o comunismo é coisa do passado, que advertir contra ele é açoitar um cavalo morto, tenho às vezes uma certa suspeita de estar conversando com um canalha. Não que o sujeito o seja necessariamente. Mas, a rigor, somente um canalha descontaria 1,2 bilhão de pessoas que ainda vivem sob a tirania comunista como uma quantidade negligenciável, um infinitesimal no infinito. Somente um canalha desprezaria como irrelevantes os quarenta fuzilamentos mensais de mulheres chinesas (e seus respectivos médicos) que se recusam a praticar aborto. Somente um canalha se persuadiria de que, só porque meia dúzia de firmas americanas estão ganhando dinheiro em Pequim (como se já não tivessem faturado outro tanto na Rússia de Lenin), o comunismo se tornou inofensivo como um rinoceronte de pano. Somente um canalha fingiria ignorar que, após a dissolução da URSS, nenhum torcionário do KGB foi demitido, muito menos punido, e que a maior máquina de espionagem, polícia política, terror estatal e tortura institucionalizada que já existiu no universo, com um orçamento superior ao de todos os serviços secretos ocidentais somados, continua funcionando como se nada tivesse acontecido. Somente um canalha induziria o povo a ignorar essas coisas, para que, quando a revolução que se prepara no Brasil com dinheiro do narcotráfico tomar o poder,2 ninguém perceba estar revivendo a tragédia da Rússia, da China e de Cuba. Não é preciso ir para o exterior. Basta olhar para o Brasil mesmo para ver a força monstruosa que o movimento comunista, seja lá com que nome for — pois, ao longo da história, mudou de nome muitas vezes, ao sabor de seus interesses do momento —, vem adquirindo a cada dia que passa. Só para dar um exemplo, a difusão de ideias comunistas nas escolas, da qual muitos brasileiros ainda nem tomaram consciência, e que outros insistem em ignorar propositadamente (entre eles o ministro da Educação),3 já passou da fase de simples “doutrinação” para a do direto e franco estupro das consciências. Em milhares de escolas oficiais, professores pagos com dinheiro público usam de sua influência e de seu poder não apenas para instaurar o culto de líderes genocidas e o mito da democracia socialista, mas para intimidar e punir qualquer criança que não consinta em repetir seu discurso magistral. A mais leve divergência, às vezes a simples dúvida, sujeita o aluno ao constrangimento diante dos colegas, incutindo nele o temor pelo futuro da sua carreira escolar e profissional. Meus próprios filhos passaram por isso, e recebo mensalmente dezenas de e-mails com relatos de situações similares. Chamar a isso “propaganda”, “doutrinação”, é brandura terminológica de quem não quer ver a gravidade do que se passa. E o que se passa é que o terrorismo psicológico já impôs seu domínio sobre os corações infantis, preparando-os para aceitar, como coisa normal, inevitável e até boa, um governo de assassinos e psicopatas como aquele que ainda vigora em Cuba e que já vigora nas regiões sob o domínio das Farc. Em face disso, os brasileiros reagem... encobrindo fatos com palavras, amortecendo a consciência do perigo mediante chavões soporíferos, exibindo aquele ar de calma fingida que trai o medo, o pavor de encarar a realidade. Direi que isso é ingenuidade? Não. A ingenuidade não tem a astúcia verbal requerida para tamanho autoengano."
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