Michel Houellerbecq
Editora Alfaguara
254 Páginas
"O novo romance do vencedor do Prêmio Goncourt Michel Houellebecq, um dos livros mais discutidos no mundo depois dos atentados em Paris. França, 2022. Depois de um segundo turno acirrado, as eleições presidenciais são vencidas por Mohammed Ben Abbes, o candidato da chamada Fraternidade Muçulmana. Carismático e conciliador, Ben Abbes agrupa uma frente democrática ampla. Mas as mudanças sociais, no início imperceptíveis, aos poucos se tornam dramáticas. François é um acadêmico solitário e desencantado, que espera da vida apenas um pouco de uniformidade. Tomado de surpresa pelo regime islâmico, ele se vê obrigado a lidar com essa nova realidade, cujas consequências — ao contrário do que ele poderia esperar — não serão necessariamente desastrosas. Comparado a 1984, de George Orwell, e a Admirável mundo novo, de Aldous Huxley, Submissão é uma sátira precisa, devastadora, sobre os valores da nossa própria sociedade. É um dos livros mais impactantes da literatura atual."
Um comentário:
Há quase três meses terminei de ler o livro; e julguei melhor esperar um tempo para ver se as impressões iniciais da obra permaneceriam, o que de fato aconteceu.
Por mais que o considere um romance atual, pois trata da invasão cultural (e, por que não, militar) islâmica à Europa, algo que já foi decantado e alertado por décadas, como o autor Theodore Dalrymple não se cansa de escrever; por mais que ele trate do domínio islâmico no Velho Continente, e os atentados, estupros, linchamentos e a implantação da Sharia em países como Inglaterra, França e Alemanha sejam uma realidade; por mais que ele fale da vitória de um partido, a Fraternidade Muçulmana, na França, assumindo o poder político do país e rapidamente mudando a legislação e aplicando as suas leis; por mais que ele discuta algumas ideias, em meio à uma descrença e niilismo do personagem principal, François, que se vê rapidamente cooptado pela liderança muçulmana; ainda assim, o livro de Houellebecq, apesar da propaganda alardeada de escrito polêmico, me pareceu muito aquém das expectativas iniciais.
Em meio as críticas de ser um livro ultra-direitista, chocante, divisionista, xenófobo, controverso, etc, pela imprensa vermelha/esquerdista, ou pelos idiotas úteis da mídia, esperava algo do tipo um desnudar, um escancarar, da "colonização" islâmica na França, revelando suas táticas, violência, e o nítido interesse de destruir a civilização ocidental, com a chancela dos tolos e suicidas europeus.
Ao terminar a leitura, fiquei me perguntando se aquela descrição e alerta, na obra de Michel, resultaria em um abrir de olhos do leitor; sinceramente, fiquei em dúvida.
Como um livro propagandeado de ideias, achei-as, em algum sentido, perdidas em sua própria denúncia. Como um livro polêmico (considero que seja para uma sociedade pós-cristã e ocidental como a francesa, mas ainda distante da brasileira) pareceu-me quase inofensivo em seu escândalo.
Mas, na verdade, não gostei mesmo da narrativa; ela se desenvolve meio sôfrega e não me cativou na maior parte do tempo. Chego a concluir que é um livro mal escrito, não é uma porcaria, evidente, mas está longe dos grandes autores e clássicos.
Esperava mais, sobretudo pela crítica favorável de muitos sobre o estilo e a prosa de Houellebecq, e também sobre o enredo proposto.
No final das contas, talvez se eu não tivesse ouvido falar tanto de "Submissão", sem uma expectativa de que leria uma obra incomum para o nosso tempo, muito superior ao que se tem escrito mundo afora, seria possível o livro me agradar mais. A propaganda, nesse caso, não funcionou a contento.
Resumindo, "Submissão" não é um livro ruim, longe disso, mas não é tudo o que dizem. Ficou um gostinho de "quero-mais", que o autor pode corresponder em sua próxima obra.
Postar um comentário