Sammis Reachers
Editora do Autor
88 Páginas
"Seja bem-vindo a esta pequena jornada, amigo leitor. Aqui o humor, o
terror, o conto de espionagem, a ficção científica, a fantasia borgeana e
a crônica (sub)urbana, com seu traçado agridoce e enlameado de poesia e
violência, são os vagões, os gêneros desse comboio, desse trem de
memória e invenção de que valho-me para visitar e emoldurar meus mortos.
Ficção e realidade interpenetradas, perdição e redenção amalgamadas num
caudal de cores de inusitada composição, para falar dos muitos mortos
que perdi e ganhei, amigos e não-amigos, reais e imaginários, e suas
mortes físicas mas algumas vezes também espirituais. Mortos que precisam
de uma voz, prontos para revelar suas histórias de crueza e beleza, e
de um como que encantado desencanto."
Um comentário:
Um livro de muitas nuances; as vezes reflexivo, crítico, bombástico, em outras autobiográfico, ou a descrever a realidade pelo olhar criterioso do observador. Existem muitas passagens em que o texto se torna em um "Thriller" de ação, espionagem e intrigas internacionais, ao melhor estilo hollywoodiano.
O autor, que é cristão, consegue mesclar aspectos seculares com a sua fé, sem abdicar de falar de Cristo; sem abdicar também da realidade.
É interessante como um título pode atingir públicos variados, sem os apelos conceituais e estilo forçosamente mais importante do que a narrativa. Sem enjaular o leitor em uma cadeia formal, sem aprisiona-lo no reducionismo estilístico, mas dando-lhes asas, levando-o a lugares nunca dantes conhecido. Esta é a magia da ficção, e o autor é um mago.
Sammis se torna em um ótimo contador de histórias, encontrando no leitor, esse que vos escreve em especial, a empatia necessária para que ele adentre no enredo, vislumbrando "in loco" o desenrola dos acontecimentos, e a identificação com os personagens. Não nos faz um observador passivo, desinteressado ou desligado das tramas, mas um que se emociona, e vive a “realidade” dos contos como se dele fosse protagonista.
Realmente, me agradou muito. Apenas alguns deslizes meio "esquerdistas", aqui e acolá, em algumas passagens, não me satisfizeram, mas pode ser paranoia, ou como a minha avó dizia, o procurar chifres em cabeça-de-cavalo. Mas considero que nem por isso, por uma certa antipatia aos trejeitos ideológicos [mesmo que nenhum de nós esteja completamente imune a eles], não há qualquer demérito no trabalho do Sammis, que está muito além da panfletagem ou proselitismo; e nem de longe pode ser considerado. É uma obra viva, e que fala por si só.
Um detalhe: Sammis Reachers é um profícuo poeta e editor, sendo este o seu livro de estreia em prosa [nem tanto prosa... Já que a linguagem aqui se entremeia na sutileza dos versos].
Postar um comentário