O Assassinato de Roger Ackroyd (***)







Agatha Christie
Editora Globo
296 Páginas





"Em uma noite de setembro, o milionário Roger Ackroyd é encontrado morto, esfaqueado com uma adaga tunisiana – objeto raro de sua coleção particular – no quarto da mansão Fernly Park na pacata vila de King’s Abbott. A morte do fidalgo industrial é a terceira de uma misteriosa sequência de crimes, iniciada com a de Ashley Ferrars, que pode ter sido causada ou por uma ingestão acidental de soníferos ou envenenamento articulado por sua esposa – esta, aliás, completa a sequência de mortes, num provável suicídio. Os três crimes em série chamam a atenção da velha Caroline Sheppard, irmã do dr. Sheppard, médico da cidade e narrador da história. Suspeitando de que haja uma relação entre as mortes, dada a proximidade de miss Ferrars com o também viúvo Roger Ackroyd, Caroline pede a ajuda do então aposentado detetive belga Hercule Poirot, que passava suas merecidas férias na vila. Ameaças, chantagens, vícios, heranças, obsessões amorosas e uma carta reveladora deixada por miss Ferrars compõem o cenário desta surpreendente trama, cujo transcorrer elenca novos suspeitos a todo instante, exigindo a habitual perspicácia do detetive Poirot em seu retorno ao mundo das investigações. O assassinato de Roger Ackroyd é um dos mais famosos romances policiais da rainha do crime."

Um comentário:

Jorge Isah disse...

Leio Agatha Christie desde os 11 anos, mais ou menos. Iniciado por minha mãe, que era fã dos seus livros, e, também, muito fã de Edgar Wallace. Perdi a conta, quantos dos seus romances passou por minhas mãos. Na verdade, não faço ideia. Até, porque, a obra da autora é prolífera. Normalmente, são enredos possíveis de se ler em um dia ou dois, e divertir-se bastante ao fazê-lo.

Então, passadas duas décadas, decidi retornar ao universo do detetive Poirot, já que a maioria dos livros policiais lidos recentemente foram do estilo noir. Iniciei por este, “O Assassinato de Roger Ackroyd”, considerado a sua obra-prima, e que ainda não lera (ao menos, não me lembrava de tê-la lido).

Romances como os de Agatha, Simenon e Wallace têm uma malha profusa de personagens secundários, ações, insinuações, blefes, acidentes e casualidades que tornam a figura do vilão quase inidentificável na trama. Ao menos, é o que eles tentam, e alguns conseguem. Não é raro você se deparar com a convicção de quem é o assassinato muito antes do clímax final. Mesmo com todas as pistas falsas, não é difícil, se houver atenção aos detalhes e particularidades de cada envolvido, desvendar o mistério; questão de tempo, mas acontecerá. Por isso, a necessidade de muitos personagens, ou suspeitos, para, no embaralhar das cartas, a almejada permanecer escondida.

E se este aspecto pode ser considerado negativo, o que não considero, o positivo são os detalhes, as minúcias, presas ao novelo enquanto se desenrola. As vezes a conclusão é tão óbvia porque, mesmo as pontas soltas, existe uma a uni-las.

Poirot é aquele detetive arguto, racional, meticuloso, desconfiado e, de alguma maneira, dissimulado e trapaceiro (um velhaco), muito diferente de um Sam Spade, por exemplo, que “tropeça” nas evidências e tem, na teimosia e algum senso de moral e justiça, o mérito para desvendar os seus casos. Poirot é um racionalista empedernido, autoconfiante e um diletante da própria inteligência e talento. Chega a ser entediante, às vezes, o seu egotismo.

De uma forma geral, “O Assassinato de Roger Ackroyd” é um típico exemplar do estilo “Whodunnit”, entretendo, divertindo, instigando e fazendo passar aquelas modorrentas horas sem ter o que fazer, ou sem estar disposto a fazer nada. Não é brilhante, mas é um livro condizente com a fama de Agatha Cristie.

Não espere personagens profundos e psicologicamente bem construídos. Eles não são os protagonistas. O crime, e o seu desvendar, é o personagem principal do livro. Toda a construção da história se baseia nele, inclusive dos personagens. Estes são adereços e penduricalhos a permitir a fluência do grande “herói”. Como luzes a iluminar um monumento. Poirot não é o herói. Nem o transgressor. Nem a vítima. São apenas acessórios. E estamos conversados!

Em tempo: lá pela metade do livro, já sabia quem era o criminoso. Suspeita iniciada quando Poirot entrou na trama, mas confirmada depois.

Após a leitura, classificarei os livros assim:
Péssimo [0] Ruim [*] Regular [**] Bom [***] Muito Bom [****] Excelente [*****]