Por
que ler este livro de Cassirer? Ele é neokantiano e representa a escola
antropológica darwinista do fim do século XIX. Seu livro ajudará o missionário a compreender as mudanças que ocorreram na Antropologia do século XX, além disso, Cassirer traz farto material cultural advindo do trabalho missionário realizado naquela
época. Este livro é uma ótima oportunidade de entender tanto o kantismo e o
neokantismo e suas diferenças e, principalmente, ver a criação de uma Teoria dos
Símbolos a partir da Filosofia Transcendental e da cosmovisão evolucionista.
Embora Cassirer faça parte de uma escola que priorizava o estudo da lógica, a maioria
dos seus livros expunha sua preocupação com a cultura.
Ainda que discordemos de
seu arcabouço teórico, as pesquisas missionárias trazidas pelo autor confirmam o que até hoje podemos encontrar nos Campos: o pensamento mítico e
sua imbricação com a linguagem; o poder místico e simbólico da Palavra; a
identificação do nome com o seu respectivo deus, sentimento ou demônio; a
transferência ou identificação do poder da Palavra para algum instrumento
(totem, ritual, xamanismo, etc); e, enfim, aos tradutores da Bíblia, Cassirer
oferece casos em que a escolha errada de nomes para o Deus cristão não permitiu
que o povo se relacionasse pessoalmente com Deus, transferindo sua crença numa
força impessoal para o Deus pregado pelos missionários. Muitos dos casos
narrados por Cassirer eu pude constatar no meu próprio trabalho missionário,
desde a troca dos nomes durante a vida dos indivíduos, o totemismo, o xamanismo, até o esforço de se
“achar” palavras que não promovam o sincretismo tão presente no trabalho evangelístico.
Acredito que a exposição feita por Cassirer (independente dos seus
pressupostos), contribui para confirmar que o pensamento mítico é presente em
todas as sociedades que se julgam portadoras de um pensamento teórico e
discursivo. Na verdade, e esta é a tônica do meu curso de Comunicação Transcultural
e Contextualização, o símbolo se apresenta no meio da sociedade contemporânea
com a mesma força que nos primórdios e cabe aos missionários cristãos, seja
numa França e Alemanha pós-cristãs, seja num povo aborígene no interior do
Amazonas, compreenderem isso caso queiram evangelizar em amor ao seu próximo. Para a resenha do livro, clique aqui. Boa
leitura!
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