Poesia (*****)
T. S. Eliot
Tradução: Ivan Junqueira
Editora Nova Fronteira
333 páginas
"Nesta edição da poesia de T. S. Eliot reúnem-se seus poemas mais significativos, vertidos para o português num dos mais ousados e felizes trabalhos de tradução levados a cabo no Brasil, fruto da apaixonada dedicação do poeta Ivan Junqueira ao autor de 'A terra desolada', um escritor essencial à compreensão dos dilemas que marcam a nossa época".
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Após a leitura, classificarei os livros assim:
Péssimo [0] Ruim [*] Regular [**] Bom [***] Muito Bom [****] Excelente [*****]
2 comentários:
T. S. Eliot é um poeta convertido ao Cristianismo [não sei ao certo se católico ou anglicano]. Em alguns de seus poemas encontramos traços do romanismo. Mas também se encontra em muitas linhas e versos traços do Cristianismo bíblico.
A parte disso, seus poemas são fantásticos, precisamente construídos, detalhados, elaborados em cada palavra e frase, cheios de referências e alusões clássicas e históricas; são o que se poderia chamar de poemas erguidos a partir de uma arquitetura cuidadosamente planejada por uma mente erudita, refinada, sofisticada, mas que não se conduziu ao hermetismo, ao ininteligível, pretenciosa e fútilmente.
Em muitos poemas, somos brindados com a simplicidade sem jamais se vulgarizar ou mesmo se revelar uma peça obscura, ou a repetição de algo já dito anteriormente.
Em todos, o que se tem é um trabalho artístico preciso e delicado, como saído das mãos de um artesão extremamente habilidoso, que controla cada detalhe da sua obra, e a tece em seus mínimos detalhes, muito, muito original. Uma obra singular.
Ele se vale em alguns poemas do estilo "prosador" dos poetas simbolistas como Baudelaire, Rimbaud e Mallarmé; quase como um contador de histórias. Porém, Eliot no estilo, na temática e estética.
Há musicalidade e experimentação; há metafísica e moral; há tradicão e erudição; há branco e negro; há vida e morte; há o mundano e o santo; há monólogos e diálogos; há interior e exterior; há guerra e paz; há o tempo e o atemporal; minuto e eternidade; luz e sombras...
Eliot parece buscar o seu lugar no mundo, quando nos revela onde estamos.
Como já disse, sem ser um crítico e profundo conhecedor de poesia [nem mesmo me considero um péssimo conhecedor], Eliot me conquistou com o seu trabalho único, cheio de referências, mas original mesmo nas citações.
A poesia de Eliot é singular em todos os sentidos. É um poeta fundamental, que deve ser lido e relido por todos.
Especialmente, gostaria de indicar os poemas Burnt Norton, East Coker e Little Gidding [fazem parte dos “Four Quartets”], excelentes “partituras” em que o poeta faz um discurso lírico e comovente sobre o tempo, a condição humana, o caos do mundo, eternidade, levando-o as mais claras e instigantes implicações que resultam nos fundamentos da sua fé no Deus Bíblico, no Absoluto divino; com um rigor formal e preciso, porém, composto de forma natural como se saídos de uma só tacada.
São poemas longos, quase como uma sinfonia, em que se encontram divisões temáticas, onde se abordam questões e problemas cujas soluções se desdobrarão no decorrer do próprio texto. De certa forma, é como disse anteriormente, Eliot parte sempre do complexo, dos dilemas, dos conflitos, para o elementar, para a solução quase... prática, inevitável, de que ela está no Deus Bíblico, de maneira lógica e racional; talvez, mais do que isso, essencial, inexorável, natural, como disse. Com isso me refiro ao fato de que T. S. não “força a barra”, não nos leva a essa compreensão à fórceps, mas espontânea e calmamente. Seria o mesmo que o lavrador explicar o prazer da colheita, guardadas as devidas proporções, claro.
É difícil, para mim, apreender toda a complexidade poética de Eliot, as vezes me vejo perdido em meio a pensamentos intricados, de uma mente sofisticada e emblemática, mas é possível, ainda assim, perceber e compreender muito do seu argumento, invariavelmente culminando e sujeitando-se à verdade bíblica [não em temas específicos, mas naquilo que a Escritura nos revela no geral].
Posso estar muito empolgado e mesmo iludido com o que tenho lido de Eliot, mas naquilo em que observo e entendo, além de um poeta fantástico, um exímio arquiteto das palavras, sua cosmovisão é cristã, e cristã no sentido rigoroso e restrito da palavra.
Poesia de T. S. Eliot é obra-prima!
Nota: Dê uma chegada no link “Eliot, Cowper e Outros” na página principal, e terá uma pequena amostra da poesia de Eliot.
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