Albert Mohler Jr.
Editora Fiel
104 páginas
"O povo cristão tem de recordar que a ênfase de nossa preocupação não é apenas refutar o ateísmo ou argumentar em favor da credibilidade intelectual do teísmo de forma genérica ou minimalista.
Em vez disso, nossa tarefa consiste em apresentar, ensinar, explicar e defender o teísmo cristão. Quanto a este ponto, a defesa do teísmo bíblico revela que a grande divisão no pensamento intelectual não é meramente a respeito da existência de Deus, e sim a respeito de haver Ele falado.
O materialismo e o naturalismo que são centrais no Neo-ateísmo rejeitam a categoria da revelação imediata. Este é, no final das contas, o verdadeiro impasse. A igreja cristã tem de responder ao desafio do Neo-ateísmo com plena convicção.
Devemos lembrar que, em sua história, a igreja já enfrentou inúmeros desafios teológicos. Portanto, agora, cumpre-nos articular, comunicar e defender a fé cristã com integridade intelectual e urgência evangelística.
Não devemos imaginar que essa tarefa será fácil. E, à luz desse desafio, não podemos esquivar-nos do debate público e da conversa particular"
4 comentários:
Este livro é um presente do meu amigo, o pr. Luiz Fernando Ramos de Souza, a quem agradeço, novamente.
Bem, de cara, Mohler exorta à preparar-mo-nos para enfrentar um novo inimigo, não o ateísmo em si, que já era conhecido à época do salmista: "DISSE o néscio no seu coração: Não há Deus. Têm-se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras, não há ninguém que faça o bem" [Sl 14.1]. Ali, o salmista define muito bem o que é o ateu: um tolo!
O autor nos chama a uma nova realidade: a da militâcia ateísta, o ateísmo fundamentalista, que proclama a completa erradicação de qualquer ideal religioso, para assim, o homem viver "livre", como escrevi no texto "Materialismo: um salto de fé": "É interessante que o "novo ateísmo"[1] proclama a liberdade do homem de todas as formas de opressão religiosa, e o faça direcionando-o explicitamente ao materialismo filosófico, como única e última opção. Ou seja, prega-se uma "libertação", mas essa libertação somente existirá se o liberto tornar-se ateu. Não é interessante?".
A liberdade tem de ser nos moldes ateístas, o da dominação ateísta, com base em suas falsas premissas da não-existência de Deus; como os novos salvadores da humanidade, pela qual o mundo será redimido em sua loucura teísta, ao professar a fé ateísta.
Este livro é recomendado para todos os que não estão dispostos a se sujeitar a uma nova "opressão" intelectual e religiosa. Pois, o que eles fazem, os neoateus, é proclamar como solução exatamente aquilo que julgam combater.
Infelizmente, não me parece que ilustres cristãos como Alister McGrath e Alvin Plantinga usem a metodologia correta para combater o ateísmo tresloucado de Dawkins e cia. Baseiam boa parte da defesa no campo filosófico, refutando os argumentos "infantis", "apaixonados", "ilógicos" e "falsos" da troupe neo-ateísta.
Não que se deva rejeitar a defesa filosófica diante de má-filosofia; ou mesmo no campo científico contra a falsa-ciência. Não é isso. Contudo, o apelo do teísta cristão não pode ser outro que não a revelação escriturística e sua auto-autenticação como a arma suficiente para derrotar argumentos neo-ateístas [ou a falta deles].
Acontece que tanto McGrath como Plantinga são adeptos do chamado Teismo-evolucionista, que crê na criação divina, e de que Deus controlou os processos evolutivos, inclusive a seleção natural. Deus criou uma partícula ou a sopa primordial, uma união de moléculas que originou a vida no universo, e pela evolução, chegamos ao estágio atual de desenvolvimento da vida.
Bem, há tantos problemas para o cristão reconhecer essa teoria e defendê-la como bíblica, que restaria aos dois apologistas/filósofos/cristãos renderem-se ao argumento neo-ateísta, ou algo mais brando como o ateísmo convencional. A conclusão lógica para quem crê na evolução é o naturalismo, ou seja, Deus não existe.
Conciliar as duas, Deus e evolução é algo impossível, ao meu ver.
Portanto, faço minhas as palavras do pr. Mohler: "A credibilidade da teologia cristã está essencialmente vinculada à credibilidade da revelação bíblica. A refutação do Neo-ateísmo e as críticas apresentadas com base na teoria científica e filosófica é grande auxílio. Contudo, o caráter auto-autenticável da revelação divina é o único fundamento sobre o qual o teísmo distintivamente cristão pode ser estabelecido" [pg 81].
Algo que chama a atenção é o fato dos neoateístas, em sua sanha de defender os valores humanísticos, queiram impôr sobre o homem um único padrão de "liberdade". Um padrão onde ser livre está diretamente ligado à crença ou fé em que Deus não existe. Ou seja, um novo tipo de tirania e dominação mental; de que tanto nos acusam promover.
Para isso, os métodos de publicidade, convencimento e recrutamento de novos neo-ateus são os mesmos que abominam nos religiosos: o proselitismo.
E estão a incitar o ódio que dizem combater, ao baixarem o nível de seus discursos ao do grunhido de um porco.
Provavelmente, não se recusariam a uma nova inquisição, onde os teístas ou deístas seriam obrigados a negar a sua fé em favor da fé ateísta, ou então...
Mostram-se obstinados e sem pudores ao usarem todas as táticas disponíveis para a expansão da sua crença.
E o neoateísmo vem de encontro aos anseios marxistas, tanto filosófica como politicamente, podendo ser claramente utilizado pelos últimos como um instrumento para a dominação do Estado sobre a mente e a vontade do homem.
Capítulo interessante do livro é o que trata da secularização da sociedade. O que, de certa forma, transparece e aparece na secularização da igreja... e no fato da igreja não ser sal e luz no mundo [em sua maioria, mas graças a Deus, ele tem preservado o seu povo].
Três frases pinçadas do livro:
""A credibilidade da teologia cristã está essencialmente vinculada à credibilidade da revelação bíblica. A refutação do Neo-ateísmo e as críticas apresentadas com base na teoria científica e filosófica é grande auxílio. Contudo, o caráter auto-autenticável da revelação divina é o único fundamento sobre o qual o teísmo distintivamente cristão pode ser estabelecido"
"Os cristãos evangélicos não podem comprometer a autoridade bíblica, a revelação proposicional e o teísmo bíblico tão-somente para satisfazer os vários desafios que se nos apresentam neste século XXI"
"Não quero ofender ninguém, mas é necessário que conheçamos uns aos outros. E, quando leio muito da teologia protestante e da história religiosa de nossos dias, tenho a forte impressão de que estou na companhia de colegas incrédulos" [Eugene D. Genovese, historiador ateu, citado por Albert Mohler Jr.]
O autor cita uma lista de teólogos liberais que se enquadrariam nesta definição: "Paul Tillich, Alfred North Whitehead, Paul Ricoeur, Rudolf Bultmann, Edward Schillebeeckx Bernard Lonergan, Karl Barth, Karl Rahner, Jürgen Moltmann, Wolfhart Pannenberg, Dorothee Sölle e Sallie McFague, entre outros citáveis.
"Os novos ateístas estão corretos a respeito de um fato importante - é ateísmo ou teísmo bíblico. Não há posição intermediária.
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