Gordon H. Clark
Editora Monergismo
96 Páginas
"O tratamento de Gordon Clark ao assunto é uma joia rara. Enquanto outros recuam e são transigentes, cedendo ponto após ponto, ele enfrenta o desafio com conhecimento e precisão. Ele mantém a natureza de Deus constante e explica todas as outras coisas por meio dela. Esta é a única abordagem correta, e resulta numa resposta que não pode ser questionada. No processo, ele interage com vários teólogos filósofos, chega a definições apropriadas para termos cruciais, e responde as objeções. A exposição de forma geral tão excelente que torna quase todas as outras tentativas supérfluas. (Vincent Cheung - do Prefácio)"
11 comentários:
Interessante que Gordon Clark é chamado de o "Agostinho da América" e, exatamente neste livro, ele diverge e combate a idéia de Agostinho quanto ao mal e o livre-arbítrio.
É claro que o "apelido" não quer indicar subserviência, nem a defesa de todos os princípios propostos pelo Pai da igreja, até, porque, Agostinho, no final da vida, negou alguns pontos que defendera anteriormente [li, não sei onde, que um desses pontos é exatamente o livre-arbítrio; preciso buscar a fonte].
Ainda mais interessante é que os argumentos que Clark defende são muito parecidos com o que defendi nos meus comentários sobre a questão do mal e o livre-arbítrio exposto por Agostinho no livro "Confissões", e que podem ser lidos neste blog. Também, de uma forma mais clara, defendi-os em alguns textos no Kálamos: "A Incoerência do Livre-Arbítrio" [http://kalamo.blogspot.com/2009/12/incoerencia-do-livre-arbitrio.html]; "Mysterium Compatibilista" [http://kalamo.blogspot.com/2009/11/mysterium-compatibilista.html] e "Preso na própria armadilha" [http://kalamo.blogspot.com/2010/05/preso-na-propria-armadilha.html].
Agora, ao ler o livro do Clark, deparo-me com um pensamento muito próximo do que eu mesmo considerei anteriormente; o que me trouxe uma certa alegria por estar sendo guiado por Deus a utilizar-me mais da razão no trato com o texto bíblico e com livros teológicos.
É claro que Gordon Clark está mil anos-luz ou mais à minha frente, e nem que eu vivesse mais cem anos o alcançaria. Porém, saber que, mesmo incipientemente, minha mente está sendo renovada pelo Espírito, em si mesmo já é uma fonte de grande alegria.
Antes de ler textos esparsos de Clark e Cheung no site Monergismo, eu vivia interrogando irmãos mais experientes na fé [e que são pessoas letradas, que entendem muito de teologia] sobre as implicações do mal na soberania de Deus. Normalmente, a resposta era de que não havia respostas. Há, mesmo entre calvinistas, a idéia de que Deus é soberano e o homem é livre em algum aspecto. Mas eu não conseguia conciliar as duas coisa, nem mesmo via essa tal liberdade decantada na Escritura. O que eu via era o homem agindo sempre segundo o propósito divino, e ao me deter no texto do AT, a coisa ficava ainda mais claramente delineada e exposta.
Livros como o de Jó, Isaías, Jeremias, João e Romanos, foram decisivos para eu abandonar completamente a possibilidade de conciliar a soberania de Deus com a liberdade humana, seja na forma de livre-arbítrio ou livre-agência.
Então, acostumei-me a ouvir que havia paradoxos na Bíblia e de que eles existiam conjuntamente como um "mistério", ao qual Deus não nos revelou. Mas nada disso me confortava, e lendo grandes teólogos [Spurgeon, LLoyd-Jones, Sproul, Piper, etc] a coisa toda não se resolvi. Era como se eles caminhassem até a conclusão final e, quando estavam prontos para enunciá-la, parassem, retrocedessem, e se conformassem com o tal do "mistério" ou do "paradoxo". Eu continuava frustrado e decepcionado, mas já vislumbrava uma teoria que não assumia efetivamente por medo e temor do que viessem a pensar ou falar de mim [não é agradável para um crente ser visto como herético ou heterodoxo, ou quando menos, um irresponsável por cogitar o que muitos não consideravam possível].
Foi quando me deparei com Clark, primeiro, e depois, Cheung. Ao lê-los, ficou claro que eu não era um louco, herético, ou simplesmente um provocador, mas de que minhas dúvidas eram honestas. E ao perceber que já pensava mais ou menos como eles, apenas não havia ainda a clareza e a pontuação de múltiplos detalhes, não imagina a alegria que me veio, e juntamente com ela, o alívio por não estar sendo apenas um tolo, teimoso, como muitos supunham que eu era.
Quando finalmente tive em mãos o pdf do "Autor do Pecado" [cujos comentários podem ser lidos aqui, também; hoje produzido em formato de livro físico], praticamente todas as minhas dúvidas sanaram-se.
Agora, com "Deus e o Mal" nas mãos, penso que se tivesse lido-o anteriormente, e até mesmo antes do Autor do Pecado, a coisa teria sido mais fácil, menos dolorosa.
Louvo a Deus a iniciativa do Felipe Sabino da Ed. Monergismo, por publicar este e outros livros até então impossível de se chegar ao leitor brasileiro que não lê em inglês.
E tenho para comigo, assim como o subtítulo do livro diz, que o problema está resolvido.
Graças a Deus!
Suas palavras me fizeram brilhar os olhos!!! Vou adquirir o livro o mais rápido possível!!!
Abração Jorge!!!
É bom, de vez em quando, nós blogueiros "sacudir" um pouco a blogosfera com este tipo de mensagem.
Heitor,
nem pensei em sacudir ninguém [rsrs]. Apenas considerei que devia um agradecimento especial aos dois autores, ainda que não possam me ouvir e ler, e um agradecimento especial ao Felipe por ser usado por Deus para publicar esses livros. Foi mais mesmo uma atitude de gratidão do que qualquer viés "revolucionário" [rsrs].
Mas se puder, compre os dois livros. Creio que muito do que temos de incoerente e mesmo místico no Cristianismo, especialmente a questão do mal, pode ser dirimida por ambas as leituras.
Há ainda um outro excelente livro do R.K.McGregor Wright, "A Soberania Banida", publicado pelo Cultura Cristã que também foi um marco nessa minha luta pelo entendimento.
Bem, Deus já operava através da Escritura, não deixando que me convencesse com a história do mistério e paradoxo, e os livros completaram a obra de Deus, me dando os detalhes e lapidando o meu pensamento bruto; além de trazer alívio e conforto ao meu coração, por não mais ficar atormentado com a idéia de ser um herege [nunca aceitei o título, mas ele incomodava...].
Corre rápido, vai! [rsrs]
Grande abraço, meu irmão!
Cristo o abençoe!
Eu tenho o livro de R.K.McGregor Wright, "A Soberania Banida".
Falta os dois que vc citou para completar a "trilogia" Deus e o Mal!!rsrs
Ao final de "Deus e o Mal" posso declarar que, apesar de não ser um grande livro no tamanho, ele o é no seu conteúdo. Clark lança por terra qualquer ideia de misticismo e irracionalidade na compreensão escriturística, e de que somente podemos fazê-la corretamente se os pressupostos também o forem. A Bíblia se autoexplica, e qualquer apelo fora dela trará apenas confusão, fruto da ignorância, e, também da manipulação de conceitos e termos por parte daqueles que querem afastar-se da verdade.
Algo interessante e que já havia percebido é que Clark defende a CFW, ou melhor, a interpretação correta da CFW quanto à questão da livre-agência. Eu sempre tive a impressão de que ela era compatibilista, não determinista, mas Clark assegura a sua determinação quanto à rejeição de qualquer liberdade do homem que o coloque numa condição de ser livre de Deus.
Ao definir a Livre-agência como uma "causa necessária ou secundária", controlada por Deus, para que o homem realize exatamente aquilo que Deus decretou eternamente, em que o homem é livre em sua vontade ou volição, mas não nas causas que o levaram a querer aquilo, a coisa toda, que mais me parecia um "artifício" para fugir do determinismo bíblico, tomou outros contornos. Mas é algo que ainda terei de meditar, terei de assimilar e rever, para depois aceitar. McGregor Wright tem a mesma posição de Clark, e Cheung parece diferir dos dois, aproximando-se muito mais do que eu mesmo acredito.
Um trecho interessante, mais uma exortação à defesa da fé, fugindo do apelo "sensorial" que o humanismo quer prestar ao Cristianismo bíblico, é o cap. final do livro, intitulado "A crise da nossa era". É um apêndice talvez não escrito por Clark, mas revelador e profundo, ainda que seja uma pequena análise do estado em que a igreja atual se encontra.
Que venham outras obras de Gordon Clark em português.
Li Deus e o Mal em janeiro deste ano, e realmente é uma leitura deliciosa. Acho interessante a forma como ele interage com os argumentos contrários, mostrando a tolice de cada um deles.
No final fiquei com um gostinho de quero mais, mas é uma leitura edificante.
Evidentemente todos aqueles que glorificam a criatura ao inves do Criador, vão considerá-lo heretico. =/
Ednaldo.
Ednaldo,
ouvi que a Cultura Cristã esta para lançar um volume mais completo do Clark no Brasil. Parece que está em fase de tradução. Quem sabe, aquele gostinho de quero mais que você sentiu, e eu também, possa ser saciado? [rsrs].
Oro para o Felipe publicar outras obras dele também.
E concordo contigo, a heresia é dar a glória devida somente a Deus para quem não merece, e não o contrário.
Grande abraço, meu irmão!
Cristo o abençoe!
Jorge, depois de tanto comentário. Confesso que não consegui aguentar e já comprei o livro rsrsrs. Falta chegar para começar a lê-lo.
É interessante que o seu comentário pareceu muito com as minhas dúvidas iniciais quando tomei contato com a literatura calvinista. Pois, afirmavam que Deus era soberano, mas que de alguma forma tomávamos algumas decisões. Isto me complicava (na verdade, me complica até hoje). Porém, lendo Cheung e alguns textos do site monergismo e os seus do Kálamos, fico mais satisfeito com o aspecto da lógica, pois se é soberano, é soberano. Se não temos livre-arbítrio, não temos livre-arbítrio e ponto final. Há aqueles que dizem que Deus controla apenas o contexto para direcionar as nossas decisões que são livres?! Ora, mesmo assim. Se Ele controla o contexto direcionando-nos àquela ação planejada por Ele, qual a nossa liberdade aí? Novamente: nenhuma.
Um abraço, meu irmão.
Eric,
nem esperou o sorteio do Kálamos? Vai que você ganha, terá de disponibilizar o livro para outro, novamente [rsrs].
É por aí mesmo. Não sei quanto a você, mas o que mais doía, além da dúvida, era a "pecha" de herético. Graças a Deus, com a dúvida também desapareceu a "pecha", ao menos, se me chamam, não ligo mais, pois sei que os fundamentos da certeza estão na Escritura.
E, como o Ednaldo disse, glorificar a Deus em sua soberania é quase heresia hoje.
Cristo o abençoe, meu amigo!
Grande abraço!
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