Para quem gosta de história, o livro é um prato cheio. Aborda os vários movimentos teológicos/filosóficos e seus pensadores cristãos. É um livro acadêmico, onde o autor não apresenta conclusões, nem interfere opinativamente, cumprindo o papel de informar didaticamente; sem abordar c/profundidade muitos conceitos. É uma obra sintética, mas suficiente para um apanhado geral dos movimentos teológicos/filosóficos do cristianismo, e porque não, do humanismo também.
McGrath diz na introdução: "Este livro... Não pretende dizer ao leitor em que deve acreditar, mas busca apenas explicar-lhe aquilo em que se tem acreditado...". Bem, já pela metade do livro, posso afirmar que o autor acredita na teologia moderna e liberal, ou, pelo menos, não ortodoxa. Há citações de Agostinho, Lutero, Calvino, Hodge, esparsamente,sem se aprofundar em suas teologias. Os preferidos são Schleiermacher, Barth e Bultmann (este em especial), os quais gasta inúmeras páginas citando-os. Não se fala de Owen, Gill e Edwards, por exemplo. Bultmann e Metzer não quero nem saber. Mas, interessei-me em ler mais sobre Karl Barth (fruto da exposição maciça da sua teologia no volume), o que creio, acontecerá com muitos outros leitores. Já imaginou se o mesmo ocorresse com Calvino ou Owen? Mesmo sendo um livro introdutório e didático, não se pode esperar isenção ou neutralidade (até porque seria impossível, visto não existirem humanamente); mas ele poderia "devotar" algumas linhas a mais com os ortodoxos. Vamos ver o que nos reserva a outra metade da obra.
Na parte I e II do livro, o autor explicita a teologia do ponto de vista filosófico, abordando as várias formas de interpretação da Bíblia (não a partir dela, mas a partir da filosofia), as várias fontes, os grandes pensadores, e as muitas vertentes teológicas (não necessariamente cristãs ou bíblicas). Verdadeiramente, é monótono toda essa discussão, e muitas vezes, entristecedora; pois, em sua maioria, não passam de absurdos originados de mentes caídas, e que nada têm a ver com Deus, Sua glória e Sua palavra. É conhecimento humano, intelectual e quase sempre, estéril. Na III e última parte do livro, McGrath aborda propriamente a questão da doutrina de Deus, da Trindade, de Cristo, etc (teologia sistemática). No cap. referente à doutrina de Deus, esperava encontrar uma exposição firmada nas Escrituras, contudo, o autor analisá-a com base filosófica, o que não me satisfaz. Sei que há muitas obras de teologia sistemática e outras que abordam a doutrina cristã através da Bíblia. Sei também que a abordagem humanista/histórica é necessária para se conhecer a avalanche de erros doutrinários presentes no "cristianismo" atual. E de que o autor se preocupou em citá-las, descrevê-las, e não criticá-las ou endossá-las. E de que o conhecimento é necessário, mesmo que nem sempre seja útil. Mas, de certa forma, ficou um gostinho de que faltou um exame mais criterioso na abordagem do tema; ou, pelo menos, um vínculo maior com a fé bíblica(ortodoxa).
Um dos problemas de livros acadêmicos como este é que, eles se destinam a seminaristas, universitários e teólogos, mas, são direcionados igualmente para o leitor leigo (as editoras querem vendas). E ao se deparar com todo o tipo de doutrina e heresia, se não tiver um entendimento correto das Escrituras, poderá se influenciar, e mesmo aderir a alguma distorção (ainda que mínima, ainda que sútil). O autor, excessivamente preocupado em não tomar posição e ser tendencioso, acaba, muitas vezes, por ser leviano (como disse acima, não há neutralidade, mas uma pretensa neutralidade); e pode levar incautos ao erro. Do ponto de vista histórico e filosófico o livro cumpre a sua função como obra introdutória.
6 comentários:
Para quem gosta de história, o livro é um prato cheio. Aborda os vários movimentos teológicos/filosóficos e seus pensadores cristãos. É um livro acadêmico, onde o autor não apresenta conclusões, nem interfere opinativamente, cumprindo o papel de informar didaticamente; sem abordar c/profundidade muitos conceitos. É uma obra sintética, mas suficiente para um apanhado geral dos movimentos teológicos/filosóficos do cristianismo, e porque não, do humanismo também.
McGrath diz na introdução: "Este livro... Não pretende dizer ao leitor em que deve acreditar, mas busca apenas explicar-lhe aquilo em que se tem acreditado...". Bem, já pela metade do livro, posso afirmar que o autor acredita na teologia moderna e liberal, ou, pelo menos, não ortodoxa. Há citações de Agostinho, Lutero, Calvino, Hodge, esparsamente,sem se aprofundar em suas teologias. Os preferidos são Schleiermacher, Barth e Bultmann (este em especial), os quais gasta inúmeras páginas citando-os. Não se fala de Owen, Gill e Edwards, por exemplo.
Bultmann e Metzer não quero nem saber. Mas, interessei-me em ler mais sobre Karl Barth (fruto da exposição maciça da sua teologia no volume), o que creio, acontecerá com muitos outros leitores. Já imaginou se o mesmo ocorresse com Calvino ou Owen?
Mesmo sendo um livro introdutório e didático, não se pode esperar isenção ou neutralidade (até porque seria impossível, visto não existirem humanamente); mas ele poderia "devotar" algumas linhas a mais com os ortodoxos. Vamos ver o que nos reserva a outra metade da obra.
Na parte I e II do livro, o autor explicita a teologia do ponto de vista filosófico, abordando as várias formas de interpretação da Bíblia (não a partir dela, mas a partir da filosofia), as várias fontes, os grandes pensadores, e as muitas vertentes teológicas (não necessariamente cristãs ou bíblicas). Verdadeiramente, é monótono toda essa discussão, e muitas vezes, entristecedora; pois, em sua maioria, não passam de absurdos originados de mentes caídas, e que nada têm a ver com Deus, Sua glória e Sua palavra. É conhecimento humano, intelectual e quase sempre, estéril.
Na III e última parte do livro, McGrath aborda propriamente a questão da doutrina de Deus, da Trindade, de Cristo, etc (teologia sistemática). No cap. referente à doutrina de Deus, esperava encontrar uma exposição firmada nas Escrituras, contudo, o autor analisá-a com base filosófica, o que não me satisfaz.
Sei que há muitas obras de teologia sistemática e outras que abordam a doutrina cristã através da Bíblia. Sei também que a abordagem humanista/histórica é necessária para se conhecer a avalanche de erros doutrinários presentes no "cristianismo" atual. E de que o autor se preocupou em citá-las, descrevê-las, e não criticá-las ou endossá-las. E de que o conhecimento é necessário, mesmo que nem sempre seja útil.
Mas, de certa forma, ficou um gostinho de que faltou um exame mais criterioso na abordagem do tema; ou, pelo menos, um vínculo maior com a fé bíblica(ortodoxa).
Um dos problemas de livros acadêmicos como este é que, eles se destinam a seminaristas, universitários e teólogos, mas, são direcionados igualmente para o leitor leigo (as editoras querem vendas). E ao se deparar com todo o tipo de doutrina e heresia, se não tiver um entendimento correto das Escrituras, poderá se influenciar, e mesmo aderir a alguma distorção (ainda que mínima, ainda que sútil).
O autor, excessivamente preocupado em não tomar posição e ser tendencioso, acaba, muitas vezes, por ser leviano (como disse acima, não há neutralidade, mas uma pretensa neutralidade); e pode levar incautos ao erro.
Do ponto de vista histórico e filosófico o livro cumpre a sua função como obra introdutória.
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