Introdução à Teologia Sistemática - Vincent Cheung [****]


Vincent Cheung
Arte Editorial 
328 páginas


"Introdução à Teologia Sistemática, de Vincent Cheung, destaca-se pela ênfase na inter-relação das doutrinas bíblicas e por sua organização em uma progressão lógica, como na Confissão de Fé de Westminster. O autor aborda desde as pré-condições epistemológicas da cosmovisão cristã até a perseverança dos santos. Os três principais temas da obra são a infalibilidade das Escrituras, a soberania de Deus e a centralidade da mente, os quais estão divididos em partes que compreendem teologia, as Escrituras, Deus, homem, Cristo e salvação. Por tratar-se de uma introdução ao estudo de Teologia, como diz o próprio autor, não prende o leitor ao exame de minúcias e complexidades como o fazem alguns textos. O autor se propõe a orientar e a conduzir no estudo das doutrinas básicas da fé cristã e isso consegue de maneira adequada diante dos desafios do nosso tempo. “Nesta era de mentes teológicas atrofiadas, vendidas ao liberalismo e ao misticismo, só nos resta dar as boas-vindas a este livro (...) Boa leitura, portanto. Você poderá não concordar com Cheung em tudo, mas ele lhe estimulará a pensar e a defender a sua compreensão e as suas convicções – ou a modificá-las, quando sentir o peso da argu-mentação bíblica e assim for direcionado pelo soberano Espírito Santo de Deus”

15 comentários:

Jorge Fernandes Isah disse...

No Cap. 1, Cheung descreve a importância da teologia, especialmente num mundo dominado pelo espirito antiintelectualista, que apregoa a falsa possibilidade de se conhecer a Deus sem ter um conhecimento a respeito de Deus.

A teologia nos possibilitará esse conhecimento, ao passo que, alheio ao estudo das Escrituras, o que sobrará será apenas e tão somente o misticismo medieval, as práticas pagãs, e o desconhecimento maior do Deus que se revelou especialmente na Sua palavra, verbal ou proposicionalmente.

Cheung parte do princípio de que a teologia é o estudo de Deus na Sua revelação especial, a Bíblia, e de que não é possível através da revelação geral se conhecer a Deus em Sua vontade e propósitos (aqui incluída a revelação salvífica).

Ele ainda aponta a teologia como necessária, não como um sistema apenas religioso, mas fundamental para todos os aspectos da vida (moral, ético, social, político, etc).

Jorge Fernandes Isah disse...

No cap. 2, Cheung trata dos vários aspectos da Escritura, como a Palavra fidedigna de Deus: a natureza, a inspiração, a unidade, a infalibilidade, e assim por diante. Sempre abordada do ponto de vista ortodoxo, a partir da autoridade que a própria Bíblia tem, investida que foi por Deus, como a Sua revelação especial, suficiente e necessária para que os homens conheçam a vontade divina, e por ela, vivam a vida cristã de forma perfeita, obediente e santa.

Vale dizer que o conhecimento de Deus e da Sua vontade passam pelas informações contidas na Escritura e que nos revelarão a salvação, o amadurecimento espiritual, a santificação e a orientação pessoal do crente em relação ao mundo (seja o pecado, as outras criaturas, e consigo mesmo).

Portanto, não há, fora da Escritura, a menor possibilidade de se conhecer a vontade de Deus, e assim, viver uma vida segundo o padrão estabelecido por Ele; uma vida cujo modelo seja a aplicação bíblica, completamente sujeita à palavra.

Osmar Neves disse...

Caro Jorge, Graça e Paz!

Este livro está entre as minhas leituras adiadas e embora eu reconheça a sua importância (juntamente com "Questões Últimas" e "Confrontações Pressuposicionais" ele integra a trilogia indispensável do Cheung), estou aguardando a versão da Editora Monergismo. A edição da Arte Editorial deixou a desejar em muitos aspectos (a tradução e a revisão comprometem o entendimento pleno da obra) e estou sem paciência para aturar os erros da edição. É realmente lamentável o que fizeram nesse livro! Louvamos sim a iniciativa da publicação mas não podemos ser coniventes com o trabalho mal feito, ainda que bem intencionado. Tenho eperanças de que a Editora Monergismo honrará a inteligência e os dons do Cheung, bem como a sede de saber dos leitores e nos dará uma edição primorosa. Mas por favor não deixe de postar aqui as suas considerações, reflexões, pois pretendo acompanhá-las e aprender contigo enquanto a edição da Monergismo não sai. Um abraço!

Jorge Fernandes Isah disse...

Osmar,

como não domino o inglês, não posso dizer se a tradução da "Arte Editorial" (do Felipe Sabino e do Vanderson Moura, dois irmãos que conheço virtualmente) é pior ou melhor que o original.

Como estou na pg.62, não percebi graves erros de editoriação, nem doutrinários. Pelo contrário, o livro tem me surpreendido pela qualidade, profundidade, objetividade e clareza do Cheung em discorrer sobre os temas propostos.

Quem sabe, daqui há alguns anos poderei dar uma opinião mais crítica (não quer dizer negativa) sobre o assunto? Depois que concluir o curso de inglês que comecei há pouco?

Por hora, fico com a impressão de que, se sua avaliação for correta, quero ler logo o original.

Grande abraço, meu amigo!

Cristo o abençoe!

Jorge Fernandes Isah disse...

A Bíblia, como a infalível, inerrante e inspirada Palavra de Deus, é o fundamento epistemológico da fé cristã, ao passo que a doutrina de Deus é o fundamento metafísico do qual procedem e dependem todas as outras doutrinas bíblicas.

a)Argumento ontológico: Deus é o maior ser concebível, portanto, a idéia de Deus tem de ser afirmada pela necessidade da Sua existência.

Na verdade, ao meu ver, o argumento resume-se ao seguinte: se penso em algo "além-do-que-nada-maior-pode-ser-imaginado", fatalmente pensarei em Deus. Em última análise, Ele é o ser além do qual nada maior pode ser concebido. Não existe nada além dEle, nem pode-se conceber nada maior do que Ele.

Em linhas gerais, este é o argumento proposto por Anselmo de Cantuária e do qual Alvin Plantinga é um moderno proponente.

b)Argumento Ontológico: proposto por Tomás de Aquino, afirma ser Deus a causa última de todas as coisas. Ou seja, a partir de determinado ponto, regredindo-se às causas que o originaram, chegar-se-â inevitavelmente a Deus como a causa primeira sem começo, necessária e eterna; pois é impossível regredir-se infinitamente.

Norman Geisler e William Lane Craig são proponentes deste modelo.

Algo interessante é que muitos afirmam que o universo surgiu do nada, mas pode o nada criar algo? Ou pode haver efeito sem causa? O início tem uma causa e, portanto, um fim, não sendo eterno. Somente o ser sem início é não causado e, logo, eterno.

Como Deus não é um efeito, mas a causa primeira de todas as coisas, é a causa primeira não causada.

c)Argumento Teleológico ou da intenção: Tudo foi criado com propósito definido e para cumprir um objetivo. Logo, a criação, que funciona perfeitamente, requer um projetista, uma mente racional, criativa e original, capaz de pensar, planejar, e com poderes para executar Seus planos, criando a partir do nada, sem que houvesse matéria-prima pré-existente disponível. Essa idéia é coerente com o ensino bíblico acerca de Deus.

Associado historicamente ao trabalho de William Paley, cujos principais proponentes atuais são Michel Behe, Philip Johnson e William Dembski.

d)Argumento Moral - proposto por Kant. Se há leis morais objetivas, há justiça. Mas como neste mundo a justiça não se realiza sempre, deve haver vida após a morte, onde a justiça absoluta se realizará. Para tanto é necessário o juiz onisciente e conhecedor de todos os pensamentos, ações e suas relações; além de poder ilimitado.

Concluí-se que Deus é o princípio heurístico da ética.

Osmar Neves disse...

É mais birra minha mesmo, hehe. Cometeram um erro grosseiro na tradução do nome de um livro do Kant e aí eu chutei o balde. O problema é da edição da Arte Editorial pois o PDF Monergismo não fez a tradução do nome do livro, deixou a citação do nome do livro em inglês mesmo. Um abraço!

Jorge Fernandes Isah disse...

Argumento Transcendental - é o argumento indireto (y) a favor das necessidades do que o argumento dogmático (x) prova de forma direta. A cosmovisão bíblica é a precondição necessária, gerando um tipo particular de argumento irrefutável como pressuposição, como verdade, sem a qual, até mesmo a objeção, é sequer inteligível. Uma vez que a Bíblia inteira já seja reconhecida como verdadeira, nenhuma objeção contra ela pode ser verdadeira.

"Toda a Escritura cristã é revelação divina. E visto que Deus fala com autoridade absoluta e 'ditatorial', sua revelação verbal constitui a precondição de toda a vida e todo o pensamento, e qualquer conhecimento procede de deduções válidas a partir dela" (pg 64).

Assim conclui o autor acerca dos diversos argumentos sobre a existência de Deus: "Os argumentos clássicos favoráveis à existência de Deus não conseguem apresentar provas positivas para o todo da cosmovisão bíblica. Cada um deles defende a veracidade das proposições bíblicas, como Deus o criador, o designer, ou o legislador das leis morais. Não obstante, o argumento dogmático prova simultaneamente todas as proposições bíblicas e a totalidade de suas implicações lógicas. Se a Bíblia inteira é verdadeira, então o Deus da Escritura existe, e qualquer outro conceito a seu respeito é automaticamente excluído.
Um defeito objetivo mais sério dos argumentos teístas clássicos é sua dependência da ciência e do empirismo. Se a ciência e o empirismo apresentam defeitos fatais como meios para descobrir a natureza da realidade, qualquer argumento apoiado neles falha antes mesmo de começar, ainda que no caso dos argumentos teístas, pareçamos chegar à conclusão adequada. Isto é, a ciência pode afirmar a existência de Deus, porém, rejeito sua confiabilidade mesmo que eu afirme a existência de Deus" (pg 70-71).

Jorge Fernandes Isah disse...

Como Cheung, concordo que se é impossível conhecer a Deus em sua compleitude, exaustivamente, exatamente por Ele estar muito acima da nossa compreensão enquanto ser infinito, quando somos finitos. Mas naquilo em que se deu a revelar a Si mesmo na Escritura, não somente é possível, mas é dever do cristão conhecer.

É claro que Deus pode ser reconhecido através da Sua criação, mas esse conhecimento é excessivamente limitado diante da revelação especial: a Bíblia.

Afirmar a incompreensibilidade divina pela impossibilidade humana de conhecê-lo significa não acreditar na Sua revelação, e, portanto, no próprio Deus; pois Ele é compreensível e cognicível no que se deu a conhecer.

E aquele argumento é autorefutável em si mesmo, pois para afirmá-lo é-se necessário que se tenha o conhecimento mínimo de Deus; ou seja, é necessário algum conhecimento divino para afirmá-lo.

Outro ponto, é que a maioria apela para o "mistério" quando o que Deus revela está claramente exposto na Escritura. O que acontece é que muitos têm o entendimento da doutrina, mas rejeitam-na, como no caso da Trindade e da Eleição. No fundo, não há mistério algum a não ser a rejeição pura e simples da doutrina bíblica.

"Mesmo não podendo conhecê-lo completa ou exautivamente, temos informações a seu respeito decorrentes do conhecimento das palavras das Escrituras. As doutrinas da cognoscibilidade e incompreensibilidade divina excluem a alegação de que sabemos tudo acerca de Deus, mas também nos lembra que podemos conhecê-lo verdadeira e precisamente" [pg 79].

Jorge Fernandes Isah disse...

Transcrevo aqui o comentário que postei no meu outro blog, Kálamos, na postagem "Deus não tem escolhas", que tem tudo a ver com esta leitura:

"Ontem, à noite, prossegui a leitura da T.S. do Cheung e me deparei com o seguinte trecho:

"Uma implicação da eternidade de Deus é que todo o conhecimento equivale para ele a uma intuição eterna. Apesar de haver uma sucessão de idéias na mente humana, isso não é verdade em relação a Deus. O homem raciocina a partir das premissas na direção da conclusão, processo que requer tempo e sucessão de idéias na mente. Entretanto, Deus é atemporal, por isso, todas as proposições estão diante de sua mente como intuição ou pensamento eterno. Logo, Deus pensa sem associações mentais ou sucessão de idéias. Ele o faz por pura intuição, pois todo o conhecimento está presente diante dele, até mesmo fatos pertencentes a nosso futuro". (pg 82).

Vocês devem imaginar a minha alegria ao ler este trecho, pois é exatamente o que eu tentei dizer no meu texto sobre o fato de Deus não fazer escolhas, e na minha tentativa de explicá-lo. É claro que o Cheung tem uma mente infinitamente mais lógica e clara que a minha, e explicou de tal forma que não seria capaz de dizer.

Continuando a ler o trecho em que ele fala dos atributos divinos, percebi que, como eu, ele prende-os à eternidade divina, sendo essa o regular e controlador de todos os demais atributos (ainda não terminei a leitura). E, para mim, esse é o fator primordial e até mesmo o que me levou a escrever o texto ainda que eu não tivesse pensado nele durante a sua confecção; porém, diante de uma pergunta do Tiago, respondi nos mesmos moldes que o Cheung descreveu.

Foi uma descoberta e tanto, pois indica que estou no caminho certo, na trilha certa, quanto ao entedimento e conhecimento de Deus naquilo em que Ele quis nos revelar.

Há mais ou menos um ano, escrevi um texto falando da questão da imutabilidade divina [pode ser acessado na seção "Não deixe de ler", sob o título "Velhos e Novos Fariseus", que se estendeu nos demais "Tempos Trabalhosos", "Jovem Rico: Condenado?" e "Bíblico ou Antibíblico"], sobre o amor e a ira eterna sobre os eleitos e os réprobos indicando que Deus sempre amou os eleitos e jamais lançou sua ira sobre eles, e que Deus sempre odiou os réprobos e jamais os amou.

Deu uma boa discussão entre eu e o Natan, envolvendo a questão das emoções divinas. Na verdade a minha base argumentativa era ainda muito fraca quanto a atemporalidade, mas defendi-a assim mesmo. E lendo sobre essa questão agora, percebi que os argumentos do Cheung se aproximam bastante dos meus (sem o brilhantismo dele). O que indica que estou mesmo no caminho (rsrs).

Queria deixar registrada esta minha descoberta, e a alegria que ela me proporcionou.

Abraços".

Jorge Fernandes Isah disse...

Parece que encontrei a primeira discordância com Cheung em sua T.S.

Ele toca na questão do amor e ódio aos réprobos, afirmando que Deus pode amá-los e odiá-los ao mesmo tempo, e, assim, nós, os crentes, devemos e podemos amar e odiar os ímpios.

Em nosso caso, vejo a necessidade de amá-los, pois não sabemos quem são ou não eleitos de Deus, e pelo fato de não sermos capazes de aplicar em nossas vidas a plena justiça de Deus [mesmo que o façamos em maior ou menor escala, a verdade é que ainda somos injustos, imperfeitos e falhos].

Como ao meu ver, apenas o Ser santo e perfeito pode deter a justiça plena, somente Deus pode fazê-lo.

Também não concordo com a definição de Cheung para amor. Ao ver dele, amor é fazer o bem e não fazer o mal. Assim, quando Deus planejou a morte do Seu filho na cruz, não estava fazendo o bem. Quando mandou matar os cananeus, não fez o bem, ainda que se possa discutir a "ação", pois ela não foi realizada pelas mãos de Deus, mas a Sua mente as planejou e pôs em execução através da instrumentalização humana. Portanto, não concordo com essa definição.

Como já escrevi em vários textos em meu blog principal, o amor e o ódio de Deus são eternos e não surgem na temporalidade, como consequência dos atos humanos. Deus não odeia o ímpio porque ele tem atitudes ímpias apenas, mas Deus já o odiava antes da fundação do mundo quando sabia que seria ímpia. Na verdade, Deus o fez para manifestar a Sua ira, e para aplicar a Sua justiça.

Por Deus ser imutável, as condições estabelecidas na eternidade, no decreto eterno, não podem ser mudadas, permanecendo inalteráveis. Por isso, Deus não poderia amar e odiar ao mesmo tempo, pois seria um Deus em conflito, esquizofrênico, incoerente com a Sua própria natureza.

Somos definidos não pelo tempo, mas na eternidade, onde o Senhor estabeleceu o que seríamos: santos ou réprobos.

No nosso caso, creio que a ordem de amar os inimigos é verdadeira. Pois, ao contrário de Deus, não temos o conhecimento completo para saber se certo "inimigo" o é de fato. Portanto, o aparente inimigo pode ser um amigo a se revelar agora, no tempo, ou no dia do Senhor, na eternidade.

Ainda assim, não sei se é possível fazer-lhes sempre o bem, mas o crente deve ser capaz de buscar sempre agir com benevolência, ainda que o ímpio sofra com essa ação, sendo prejudicado em sua vontade pecaminosa de não prosseguir com o mal.

Isso reflete a justiça de Deus, de também punir o ímpio para o bem geral.

Jorge Fernandes Isah disse...

No cap. sobre o homem, encontro uma afirmação interessante do autor, a qual já havia lido em outras de suas obras, mas que aqui ganha uma atenção especial, e um detalhamento que torna possível compreendê-la.

Explico: Cheung afirma que a teoria da evolução "trata com o que se formou de materiais pré-existentes. Visto que nenhuma evolução poderia ter ocorrido se não houvesse nada para evoluir, a teoria da evolução pressupõe a existência do universo" [pg 159].

Desta forma, a teoria da evolução pressupõe a cosmologia, e ambas pressupõem a epistemologia, ou o conhecimento humano. Logo, a epistemologia é anterior a ambas, derivando-as.

Tanto a biologia como a cosmologia não podem existir num vácuo, pois é impossível concordar que o universo existe e pronto, e então discutir biologia. Primeiro é preciso o conhecimento para se formular uma teoria cosmológica ou biológica. Se não há conhecimento de como surgiu o universo, é impossível que a biologia seja verdadeira, pois "todo raciocínio científico é formalmente falacioso e não pode alcançar a certeza dedutiva" [pg. 160].

Como a ciência não tem esse conhecimento, a sua base é falsa, e nem mesmo se deve discutir sobre uma base falsa, pois tornará toda a discussão não pode suportar ou sustentar-se além do seu próprio mundo imaginário, tornando a teoria da evolução uma fantasia tanto quanto o seu universo.

Como a epistemologia cristã nos dá respostas claras de que o universo foi criado por Deus a partir do nada; então, de posse do conhecimento verdadeiro, é-se possível construir uma cosmologia e uma biologia cristã igualmente verdadeiras e justificáveis.

Jorge Fernandes Isah disse...

Concordo também com a afirmação de que um cristão, por exemplo, que afirma crer na evolução teísta, está em flagrante contradição. Pois o texto bíblico é claro em afirmar que Deus criou o homem, não através de um processo evolutivo, não a partir dos animais, mas do pó da terra.

Se ele não acredita na criação direta, expressa em Gênesis, está a afirmar que a Bíblia não é verdadeira, pois se um só ponto da Escritura é falso, toda ela é falsa. Como a palavra de Deus, inspirada, inerrante e infalível, se for possível rejeitar um ponto que seja, está-se a rejeitá-la completamente, e sua autoridade não é válida.

Portanto, cristãos que se aliam ao teísmo-evolucionista, nada mais estão a dizer do que: não creio na Bíblia como revelação direta de Deus. O que os coloca em maus-lençóis diante da fé cristã, pois ao se rejeitar uma proposição bíblica não se pode ao mesmo tempo "apelar à autoridade divina para sustentar suas outras crenças" [pg 158].

Jorge Fernandes Isah disse...

Também estou concorde com a questão levantada por Cheung de que "a imagem de Deus", na qual o homem foi feito, não pode ser física, pois Deus não tem corpo, é um ser imaterial; e alguns até poderiam defender que certos animais, parecidos com os homens, foram feitos à imagem de Deus.

Logo, a semelhança do homem com Deus está na sua alma, ou intelecto, ou mente, ou racionalidade. Assim, a natureza humana está "contida" no corpo, ele é o meio pelo qual a humanidade se manifestará, sem ser contudo a sua essência. A essência da humanidade está na alma ou mente do homem.

O que me leva a pensar novamente na questão da humanidade de Cristo, se eterna ou temporal. Se somos a imagem de Deus, é sinal de que Ele tem alguma humanidade, e nós temos uma parcela da sua divindade. Mas isso, discutirei no Kálamos, não aqui.

Cheung também defende o superioridade do supralapsarianismo sobre o infralapsarianismo; da dicotomia sobre a tricotomia, com os quais concordo plentamente, bem como com os seus argumentos.

Jorge Fernandes Isah disse...

Outro ponto que defendo é a superioridade do cristianismo sobre todas as demais religiões, posição que se opõe ao relativismo atual, baseado na falsa premissa de que todas as religiões têm algo de bom, e de que é possível conhecer a Deus fora da Sua revelação especial, a Bíblia.

O fato de haver alguma verdade em religiões não-cristãs [aqui incluído o ateísmo] nos remete à usurpação, ao plágio daquilo que Deus revelou e foi copiado por outras cosmovisões. Portanto, o fato de haver alguma verdade não implica na verdade da cosmovisão não-cristã, mas da dependência em buscar no cristianismo essa verdade.

De outra forma, o crente que tentar dialogar com outras cosmovisões, e mesmo considerá-las em algum aspecto saudáveis, incorrerá em erro e em desprezo à revelação divina, a qual nos diz, claramente que o único Deus verdadeiro é o Deus bíblico.

A conteporização com outras religiões apenas revelará o distanciamento, e até mesmo a rejeição que se tem do Cristianismo. Portanto, esse não poderá ser considerado como um de nós, mas como em estado de oposição a Deus e seu povo.

Jorge Fernandes Isah disse...

A última parte do livro trata sobre a salvação. E, em tudo o que diz, Cheung é bíblico, defendendo a fé dada uma vez aos santos. Não há o que retorcar, nem questionar. Sua exposição é bíblica, e logicamente pautada.

Portanto, por tudo o que escrevi aqui, recomendo a introdução da T.S. de Cheung. Alguns podem dizer que para uma T.S, Cheung foi pouco ambicioso. Posso garantir que no que foi dito neste livro, o autor foi bíblico e correto, defendendo a verdade revelada por Deus. Mais do que compêndios extensos, confusos, que atrapalham mais do que esclarecem, presos a conceitos humanistas e falaciosos ao invés de bíblicos e verdadeiros [vide as T.S. de Norman Geisler e Charles Finney], Cheung economizou mas não errou. Com isso não quero dizê-lo infalível, até porque discordei de um ponto ou outro, e os comentários acima podem provar, mas no atacado, e mesmo no varejo, seus acertos são muitos.

Algo também interessante é que a presente T.S. é de fácil leitura e compreensão, não abusa de termos técnicos, nem citações de outros autores, nem de conceitos extra-bíblicos. Por essas e muitas outras vantagens, recomendo-a.

Um senão: para uma obra bem acabada como a presente edição, sobram erros de ortografia, mais propriamente, de digitação, implicando em falhas na edição e revisão.

Após a leitura, classificarei os livros assim:
Péssimo [0] Ruim [*] Regular [**] Bom [***] Muito Bom [****] Excelente [*****]