“Como vemos e somos vistos na
cultura brasileira” é o subtítulo deste maravilhoso livro de missiologia, mas
não de uma missiologia “departamental”, estanque ou vista como “um braço da
Igreja”. A Igreja é Missão! Missão é a própria Igreja! A partir destas
premissas o livro procura relembrar à Igreja qual, afinal, é a missão que Deus
lhe confiou.
Fugindo, portanto, dos mitos e
lugares-comuns da atual missiologia, cada vez mais contaminada por um viés ideológico, Rev. Wadislau expõe a idolatria do “ide” que tem levado a obra missionária a um pragmatismo, ora romântico, ora
triunfalista, do “ir” cada vez mais longe, enquanto que a Igreja Local se distancia do ensino bíblico de que muito mais importante do que simplesmente “ir” é COMO “ir” e, mais do que nunca, acho que posso
dizer isso após a leitura deste livro, é preciso também que a Igreja aprenda a como FICAR.
Como professor de comunicação
transcultural para missionários brasileiros, identifico que a energia
investida para se comunicar com uma outra cultura tem sido inversamente
proporcional ao esforço de se compreender a própria cultura brasileira na sua
mais rica variedade étnica, social, etária e multicultural. E este livro, para
mim, torna-se um bálsamo no meu projeto educacional de fazer com que o
missionário entenda que se ele não aprender a fazer uma leitura mais correta e mais precisa das relações humanas dentro de seu próprio país, dificilmente ele
aplicará as ferramentas da comunicação na cultura-alvo. É um livro que trabalha
com a farta literatura nacional brasileira e ensina o leitor-missionário a ser sensível à voz artística
do nosso povo em todas as suas expressões. Essa produção artística precisa
ser levada em conta no campo transcultural, pois a música, a poesia, os mitos, a
pintura, a escultura e, entre tantas outras coisas, até mesmo a produção acadêmica dos próprios
nacionais – aprender a ver como eles veem a si mesmos – tudo isso nos ensina a compreendê-los. Mas, antes de tudo, defendo que é aqui em sua própria
cultura, país e língua que o missionário transcultural precisa fazer o dever de
casa de treinar o que pretende fazer "lá fora".
A missão da Igreja é glorificar a
Deus aonde quer que ela se encontre. A Igreja não é chamada para um lugar, mas
para brilhar aonde quer que esteja. Missão é evangelização e evangelização é
cumprir a missão dada por Deus à Igreja.
A evangelização não pode estar desassociada do discipulado, de caminhar
junto, de andar lado a lado com a pessoa que Deus tem posto para
ouvir, ver e compreender da nossa boca e da nossa vida a beleza evangélica da
mensagem salvadora. Aliás o tema da beleza perpassa toda a exposição do
Evangelho feita nas 551 páginas desta obra que, muito mais do que ser lida,
precisa ser estudada. E esta mensagem evangélica total deve atingir
totalmente a vida do evangelizado. Os subtemas abundam diante dos olhos do
leitor: “Beleza ou feiura são coisas do coração”, “O ambiente da vida cristã: a
beleza de Cristo na face da Igreja”, "Cristo em nós e nós em Cristo: um ambiente
de beleza”, etc. Destarte, para que isso ocorra, é necessário que o trabalho
evangelístico da igreja se veja como uma ação de aconselhamento, pois
“evangelização é aconselhamento e aconselhamento é evangelização”.
Eu e você, Igreja do Senhor,
precisamos retornar ao Evangelho e compreendermos “as novas do Reino” (parte
1), que precisam ser manifestadas ao outro por meio de uma “fé arrependida”,
que caminha diariamente em santidade, e apresenta as bases claras do Reino (parte
2) sem evangeliquês e firmadas, numa exegese correta, sobre o texto de Mateus da Grande
Comissão. O programa de avanço missionário da Igreja é a própria vida diária da
Igreja aonde quer que ela esteja, por isso é preciso voltar aos temas da
natureza da Igreja, seu propósito, finalidade e vocação. Sem um correto entendimento
do que é Igreja, corremos o risco de nos perdermos na nossa relação com a
cultura secular e condenar-mo-nos também a uma visão ideológica da ação social (parte
4).
Por fim, Missão é instrução,
comunhão, adoração e serviço. Sua mensagem deve ser cristocêntrica, pregar a
obra completa de Cristo, sua encarnação, sua vida de obediência, a morte
vicária, ressurreição e ascensão!
“Sal da Terra em Terras dos
Brasis” ainda nos presenteia com um estudo muito bem colocado acerca dos dons
do Espírito Santo, sua função e finalidade. Contudo o que, especialmente,
chamou-me a atenção é a ênfase que o livro dá ao tema da comunicação, mas não
qualquer comunicação, a nossa comunicação é evangelizadora! Além do tema da
comunicação, surpreendeu-me encontrar na obra um verdadeiro “modelo” para
multiplicação de Igrejas. Ora, missão não é fazer discípulos? Discípulos não
formam igrejas? Igrejas não são plantadas para resplandecer no mundo a face
de Deus? Então você encontrará neste livro um modelo de plantação de igreja desafiador para
que nossas igrejas locais se multipliquem, ou melhor, sejam transplantadas!
Enfim, surpreende-me que a 1ª
edição desse livro seja de 1984 (houve uma 2ª edição em 1999 e, posteriormente,
uma 3ª aumentada e revisada no ano de 2014)! O que eu quero dizer é que as
ideias que teriam amadurecido e evitado que a Igreja Brasileira tivesse
cometido tantos equívocos nas últimas duas décadas estavam à disposição, mas
será que ninguém leu este livro? Será que nossas lideranças, nossos seminários,
nossos professores nunca tiveram acesso às exposições feitas aqui neste livro? Você deve ler este livro.
“Sal da Terra em Terras dos Brasis” é um livro que me assombrou por várias razões. Primeira, o autor foi meu primeiro pastor assim que fui regatado do Império das Trevas. Segunda, embora o autor tenha sido meu pastor por apenas 2 ou 3 anos, os temas sobre os quais escrevi e dei aula nestes anos todos, coincidem com os que li aqui nesse livro. O que me fez perguntar, durante a minha impactante experiência de leitura, se a influência do Rev. Wadislau foi tão marcante em mim a esse ponto! Terceira razão, a leitura deste livro me serviu não apenas para confirmar que muitas das coisas que vinha defendendo são realmente bíblicas (embora nem sempre aceitas pelas igrejas de hoje em dia), mas serviu-me também para proteger-me de certos desvios que, com a leitura desse livro, consegui perceber na relação Igreja-comunicação-cultura. A quarta razão é poder voltar a ter mais contato com o Pastor Wadislau e sua esposa, a Elizabeth. Por todas essas razões quero não apenas indicar a leitura deste livro, mas trazê-lo à sala de aula das EBDs e Seminários, pois seus temas e exposições são urgentes para a Igreja Brasileira de Fé Reformada, para que alcancemos o prumo certo no tratamento correto do tema de missiologia.
Estou convencido de que este livro é fundamental para qualquer pastor de Igreja e para aquele missionário que você acompanha e ora por ele. Sem sombra de dúvida, você estará fazendo o melhor investimento possível no ministério de nossos pastores e missionários presenteando-os com esta obra riquíssima. Onde encontrar este livro para comprar? Basta clicar aqui: Editora Monergismo!
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