C. S. Cowles, ao defender a "descontinuidade radical", faz uma distinção extremada entre o Deus do AT e o Deus do NT, mostrando um Deus "irado" e um Deus "complacente", o que não passa de inverdade e distorção da Palavra. O exemplo usado por ele, Sodoma e Gomorra, é prova contrária ao que afirma, visto que, mesmo diante de um povo extremamente ímpio e desobediente, Deus o trata com misericórdia, permitindo que se arrependa, ao enviar até ele dois anjos. E o que os homens de Sodoma desejam? Bestializar os anjos, que estão em forma de homens. O próprio Ló, ao resistir e retardar a sua partida de Sodoma, foi alvo da misericórdia de Deus que não destruiu a cidade até que ele e sua família saíssem. O escárnio com que os genros de Ló o trataram quando foi avisá-los do juízo de Deus sobre a cidade, é prova do quão pecaminoso e duro era o coração daquele povo. Deus é amor, mas é também justiça, retidão e santidade, as quais impedem-nO que seja "tolerante" com o pecado e o pecador empedernido; por isso, Ele os destinou, juntamente com satanás e os anjos caídos, ao lago de fogo. Foi com a autoridade e santidade de Deus que o Senhor Jesus condenou Cafarnaum ao afirmar: "E tu, Cafarnaum, que te ergues até aos céus, serás abatida até aos infernos; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje" (Mt 11.23). E o que pode ser pior? O extermínio físico dos cananeus ou a condenação eterna ao inferno? Deus não age como o homem, nem tem as limitações do homem, portanto, ainda que não entendamos (muitas vezes, porque queremos fazer Deus igual a nós), a Sua justiça e santidade podem ser percebidas ainda que na "aparente" injustiça do massacre dos povos inimigos de Israel (e porque não, no próprio sofrimento do povo de Israel). Afinal, não são elas consequências do pecado e da rebeldia contra o Todo-Poderoso? As quais faz-se necessário julgá-las! Pode o pecado ficar impune? Sem castigo? E o castigo ao pecador impenitente não denota a santidade e justiça de Deus? Por isso, Ele deu o Seu Filho Amado para expiação dos pecados do Seu povo, dos Seus eleitos, para que sobre eles não viesse a condenação.
Infelizmente, a visão do autor faz de Deus um ser suscetível, impotente, frágil diante do pecado, da desobediência, do diabo e da vontade do homem. Segundo Cowles, Deus somente pode ir aonde o pecado, o diabo e a rebeldia do homem não chegaram. Ali, a Sua soberania pára, e dá lugar à ação dessas criaturas. Como explicar, por exemplo, textos como Dt 32.39-43 e Is 45.7? O grande problema é que queremos explicá-lO com os nossos olhos, nossa mente e nossos corações, os quais são caídos e enganosos. Cowles, praticamente, desqualifica o AT como parte do Cânon, não crendo na sua inspiração divina, inerrância e infalibilidade. Para amoldar os seus conceitos e percepção (ou falta dela) é melhor excluir o que não se enquadra à sua mente, pensamentos e suposições. Não é assim que surgem as heresias? O AT é parte das Escrituras juntamente com o NT. E disso ninguém pode duvidar sem incorrer na blasfêmia contra o Espírito Santo, o qual foi o seu autor. Numa clara inversão de valores, Cowles transfere o pecado do homem para Deus, lança sobre Ele a culpa que é exclusivamente do homem, desacreditando as Escrituras e estimulando a incredulidade. É uma espécie de auto-absolvição condenatória, em que os perfeitos desígnios de Deus são impossíveis de se realizar diante da justiça dos homens e do conceito erroneamente humano do bem e do mal. Se fóssemos capazes de discernir entre o bem e o mal, porque Deus nos daria a Lei Moral? Através dela, Ele estabeleceu o que é certo e o que é errado, o que justo e injusto, o que é bem e mal. E mesmo com todos os alertas, baseados em uma falsa justiça, pecamos ao desobedecê-lO. Como então podemos questionar as ações de Deus? Ao que Paulo disse: "Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?" (Rm 9.20). Jamais podemos olhar-nos, e, através da nossa imagem, do que vemos em nós, explicar ou acusar a Deus. Antes, é Ele quem nos define, explica, transforma, e um dia, nos revelará como é em plenitude; porque, pela revelação das Escrituras todos os atos de Deus são bons, justos, santos e retos, mesmo os que não entendemos, aceitamos ou julgamos maus, pois "quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos" (Rm 11.33). A falta de humildade, de se reconhecer o quanto somos imperfeitos, e a necessidade de nos justificar perante Deus, cria esse "mar" de distorções, de enganos e mentiras. Bastaria ao homem reconhecer em Deus aquilo que Ele nos revelou de Si através das Escrituras. E se não as aceito, jamais conhecerei ao Deus Único, Vivo e Eterno.
Por que Deus usou Israel para destruir os seus inimigos? Por que Ele mesmo não o fez com o seu infinito poder? Creio que era necessário que Israel: 1)Confiasse e se entregasse completamente nas mãos de Deus, servido-O em obediência, e assim, a glória d'Ele fosse manifesta através do Seu povo; 2)Reconhecessem o poder de Deus (ainda mais diante do número esmagador de inimigos, sobrepujando em muitas vezes o total de hebreus), e, também, usufruissem da misericórdia, do amor e da graça de Deus para com o Seus eleitos, e a necessidade de Israel reconhecer a sua eleição; 3)A destruição que Israel provocou entre os seus inimigos serviria como exemplo para que ele mesmo não se rebelasse e desobedecesse ao Senhor, o que, infelizmente, não aconteceu, e o próprio povo hebreu esteve sujeito ao julgamento e a disciplina de Deus, por muitas vezes (quando Deus usou exércitos inimigos contra Israel); 4)Assim, seja contra os inimigos de Israel seja contra o Seu próprio povo, Deus revela-nos o quanto o pecado e a desobediência é abominável aos Seus olhos, e como todo pecado e impureza tem de ser castigado, pois o Senhor é santo e puro (a destruição acometia até mesmo os objetos e animais domésticos), e por isso, o Senhor Jesus Cristo pagou na cruz do Calvário os nossos pecados. Israel é exortado a manter-se em santidade e afastado das práticas idólatras dos seus inimigos, e a meditar na "mortalidade e punição" daqueles que se rebelam contra o Senhor; 4)O objetivo final de tudo é a glória de Deus. Portanto, Ele agiu por meio de Israel no AT, e age e agirá por meio da Sua igreja hoje, quando testificamos todos os Seus atributos: amor, graça, misericórdia, benignidade, longanimidade, justiça, retidão, santidade, ira... Tudo o que Deus faz é santo e justo, mesmo o extermínio de povos rebeldes. Por isso, e sempre, Deus usará dos meios humanos para que, através deles o Seu nome seja glorificado.
É interessante como quase ninguém se arvora a questionar o julgamento de Deus sobre satanás e seus demônios, visto que o Senhor não lhes deu nenhuma oportunidade de arrependimento, nenhuma chance; e ainda os destinou a perecerem eternamente no lago de fogo. Ninguém acusa Deus de injustiça nesse caso, pelo contrário, todos O achamos justo em condenar o diabo e sua "troupe". Nesse caso, os decretos de Deus são justos; porque então, Ele e suas decisões são questionados quando se refere à impiedade e pecaminosidade humana? Por que a Sua soberania é posta em "xeque"? Não são incoerentes aqueles que concordam com a condenação sumária de satanás e não concordam com a do homem? Afinal, não é Deus soberano sobre tudo e todos? Por que em relação ao homem Deus "agiria" em desamor ao condená-los física e espiritualmente, e em relação a satanás Ele é justo? Não há uma incongruência, uma falsa lógica sentimentalóide, hipócrita e injusta? Se Deus julgou e condenou o diabo e os demônios que pecaram, está proibido de julgar igualmente os homens que pecaram e pecam obstinadamente? Até que ponto Deus tem de esperar o homem? E, Ele é obrigado a esperar? Baseado em quê? Na nossa acomodação e servilismo ao pecado, ou em Sua retidão e santidade? Novamente digo: o homem quer criar um deus à sua imagem e semelhança, esquecendo-se de que Deus é Deus, perfeito em tudo; e não é como nós, que em nossa natureza caída, somos imperfeitos em tudo. Fico ainda com a impressão de que teólogos como Cowles exigem de Deus um amor mentiroso e hipócrita o suficiente para acomodar a sua pecaminosidade (ou a de toda a humanidade rebelde), e tentar tornar Deus cúmplice dos nossos desvios. Somente o Senhor Jesus pode imunizar-nos quanto ao pecado, tornando-nos santos como santo é nosso Deus. E ao pecador renitente, resta-lhe a condenação e juízo divinos.
Eugene Merrill aborda em seu ensaio os motivos pelos quais Deus implementou a "guerra santa" no AT [com os quais concordo em sua maioria (exceção aos aspectos dispensacionalistas), o que inclui a soberania, santidade e a glória de Deus]. Sua afirmativa de que na Igreja do NT não há lugar para a "guerra santa", a não ser em seu caráter espiritual, é procedente e biblicamente respaldada. Ao usar as Escrituras como referência, Merrill faz o oposto de Cowles e seus exemplos nitidamente filosóficos e humanistas: crê na Bíblia como fonte e regra de fé. Sua exegese é praticamente correta, com um ou outro senão dispensacionalista; mas infinitamente superior à abordagem incrédula de C.S.Cowles (incredulidade bíblica, e por conseguinte, do Deus ùnico e vivo: o Deus revelado nas Escrituras).
Na refutação de Cowles à posição de Merrill vê-se o pouco ou nada do conhecimento bíblico, e de Deus; e de que a Sua soberania, santidade e justiça não são "páreos" para as convicções humanistas e liberais de Cowles, as quais, ao invés de julgar o homem em sua pecaminosidade, volta-se contra Deus e sua Palavra, julgando-o à partir de suas falsas e frágeis premissas, ao invés de reverenciá-lO e glorificá-lO como o Deus revelado nas Escrituras (e naquilo que Ele quis nos revelar). O discurso de Cowles é restritivo, pois apresenta apenas um dos atributos de Deus: o amor. Mas e a justiça, santidade, retidão...? E a aversão ao pecado? E a necessidade de se condenar o pecador? Dizer que Cristo revelou-se apenas em amor é mentira, é distorcer a Bíblia. Porque Cristo é a 2a. pessoa da Trindade Santa, e, portanto, igualmente justo, reto, santo e inimigo do pecado quanto o Pai e o Espírito Santo. Quando voltar, Cristo não voltará como servo sofredor, mas como Juiz, Senhor, Rei e Guerreiro, o qual aniquilará definitivamente o mal, o pecado e todos os rebeldes. Os exemplos de que Cowles utiliza-se para justificar a sua tese chegam a ser pueris, para não dizer loucos, ao querer justificar as "pretensas" atitudes e a natureza de Deus a partir do homem e suas fraquezas. Seria o mesmo que colocar o homem no lugar de criador e Deus no de criatura; uma completa inversão de papeis. Em sua ânsia de que o leitor acolha os seus delírios, chega a exemplificar com o relato de um "cristão" que "desviou-se" após ler o AT, e jamais voltou a ler a Bíblia, afastando-se da igreja por causa dos inúmeros massacres e mortes e sangue no AT. Posso garantir, pelas Escrituras, que esse homem jamais foi um cristão verdadeiro, nascido de novo, e não passava de religioso, um crente nominal. E posso afirmar que Cowles beira a apostasia, a heresia, um lobo em pele de cordeiro com sua pretensa bondade, pois, não há outro termo para se referir a alguém que questiona, despreza e incita vergonhosa e fraudulentamente a rejeição ao AT, à Palavra de Deus. Desses, diz o Senhor, apartemo-nos.
O foco principal do livro não é o extermínio cananeu, e mesmo a continuidade da guerra santa. Diante dos pontos de vista tratados, a pergunta fundamental é: o A.T. é a palavra de Deus? E ainda: O Deus do AT é o mesmo do NT? Esta é a pergunta que cada leitor deve se fazer ao ler "Deus mandou matar?". Cowles procura demolir toda a inerrância, inspiração divina, infalibilidade do AT, não apenas duvidando mas desqualificando-o, crendo que não foi escrito primariamente pelo Espírito Santo. Agarra-se a alguns versículos do NT em detrimento de outros, e revela uma compreensão distorcida da natureza de Deus. Ao estilo de Marcião, ele eliminaria grande parte do NT e a totalidade do AT como Cânon bíblico. Vemos a posição de um incrédulo, preocupado em que as Escrituras e Deus se moldem aos princípios caídos e corrompidos do homem. Os demais autores Eugene Merrill, Daniel Gard e Tremper Longman III em momento algum questionam a divina inspiração do AT, confirmando-a, atendo-se à questão da continuidade ou não da guerra-santa. Ainda que academicamente, eles atacam Cowles por sua posição descrente, que para mim é pura heresia. Suas posições quanto à continuidade da guerra santa são espirituais e escatológicas, asseverando que estamos em uma guerra espiritual, e de que Cristo virá como guerreiro para destruir definitivamente o Mal. Nenhum deles apoia o herem ou a jihad no período da Igreja, mas não anulam a revelação do herem dada pelo AT, antes, vêem-no como o ato soberano de Deus. A leitura do livro mostrará muito mais a fé em Deus e em sua Palavra: os leitores que concordarem com Cowles, sequer podem ser chamados de cristãos. São qualquer coisa, menos seguidores de Cristo (que confirmou toda a Escritura do AT como divinamente inspirada). Aos que concordarem com qualquer ponto de vista dos demais autores (os quais estão afeitos às minúcias escatológicas e não aos fundamentos da fé) podemos chamá-los de crentes no Senhor. Leia-o, e achará o seu lugar no Reino de Deus, ou fora dele.
7 comentários:
C. S. Cowles, ao defender a "descontinuidade radical", faz uma distinção extremada entre o Deus do AT e o Deus do NT, mostrando um Deus "irado" e um Deus "complacente", o que não passa de inverdade e distorção da Palavra. O exemplo usado por ele, Sodoma e Gomorra, é prova contrária ao que afirma, visto que, mesmo diante de um povo extremamente ímpio e desobediente, Deus o trata com misericórdia, permitindo que se arrependa, ao enviar até ele dois anjos. E o que os homens de Sodoma desejam? Bestializar os anjos, que estão em forma de homens. O próprio Ló, ao resistir e retardar a sua partida de Sodoma, foi alvo da misericórdia de Deus que não destruiu a cidade até que ele e sua família saíssem. O escárnio com que os genros de Ló o trataram quando foi avisá-los do juízo de Deus sobre a cidade, é prova do quão pecaminoso e duro era o coração daquele povo.
Deus é amor, mas é também justiça, retidão e santidade, as quais impedem-nO que seja "tolerante" com o pecado e o pecador empedernido; por isso, Ele os destinou, juntamente com satanás e os anjos caídos, ao lago de fogo.
Foi com a autoridade e santidade de Deus que o Senhor Jesus condenou Cafarnaum ao afirmar: "E tu, Cafarnaum, que te ergues até aos céus, serás abatida até aos infernos; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje" (Mt 11.23). E o que pode ser pior? O extermínio físico dos cananeus ou a condenação eterna ao inferno?
Deus não age como o homem, nem tem as limitações do homem, portanto, ainda que não entendamos (muitas vezes, porque queremos fazer Deus igual a nós), a Sua justiça e santidade podem ser percebidas ainda que na "aparente" injustiça do massacre dos povos inimigos de Israel (e porque não, no próprio sofrimento do povo de Israel). Afinal, não são elas consequências do pecado e da rebeldia contra o Todo-Poderoso? As quais faz-se necessário julgá-las! Pode o pecado ficar impune? Sem castigo? E o castigo ao pecador impenitente não denota a santidade e justiça de Deus?
Por isso, Ele deu o Seu Filho Amado para expiação dos pecados do Seu povo, dos Seus eleitos, para que sobre eles não viesse a condenação.
Infelizmente, a visão do autor faz de Deus um ser suscetível, impotente, frágil diante do pecado, da desobediência, do diabo e da vontade do homem. Segundo Cowles, Deus somente pode ir aonde o pecado, o diabo e a rebeldia do homem não chegaram. Ali, a Sua soberania pára, e dá lugar à ação dessas criaturas. Como explicar, por exemplo, textos como Dt 32.39-43 e Is 45.7?
O grande problema é que queremos explicá-lO com os nossos olhos, nossa mente e nossos corações, os quais são caídos e enganosos.
Cowles, praticamente, desqualifica o AT como parte do Cânon, não crendo na sua inspiração divina, inerrância e infalibilidade. Para amoldar os seus conceitos e percepção (ou falta dela) é melhor excluir o que não se enquadra à sua mente, pensamentos e suposições. Não é assim que surgem as heresias?
O AT é parte das Escrituras juntamente com o NT. E disso ninguém pode duvidar sem incorrer na blasfêmia contra o Espírito Santo, o qual foi o seu autor.
Numa clara inversão de valores, Cowles transfere o pecado do homem para Deus, lança sobre Ele a culpa que é exclusivamente do homem, desacreditando as Escrituras e estimulando a incredulidade. É uma espécie de auto-absolvição condenatória, em que os perfeitos desígnios de Deus são impossíveis de se realizar diante da justiça dos homens e do conceito erroneamente humano do bem e do mal. Se fóssemos capazes de discernir entre o bem e o mal, porque Deus nos daria a Lei Moral? Através dela, Ele estabeleceu o que é certo e o que é errado, o que justo e injusto, o que é bem e mal. E mesmo com todos os alertas, baseados em uma falsa justiça, pecamos ao desobedecê-lO. Como então podemos questionar as ações de Deus? Ao que Paulo disse: "Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?" (Rm 9.20).
Jamais podemos olhar-nos, e, através da nossa imagem, do que vemos em nós, explicar ou acusar a Deus. Antes, é Ele quem nos define, explica, transforma, e um dia, nos revelará como é em plenitude; porque, pela revelação das Escrituras todos os atos de Deus são bons, justos, santos e retos, mesmo os que não entendemos, aceitamos ou julgamos maus, pois "quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos" (Rm 11.33).
A falta de humildade, de se reconhecer o quanto somos imperfeitos, e a necessidade de nos justificar perante Deus, cria esse "mar" de distorções, de enganos e mentiras.
Bastaria ao homem reconhecer em Deus aquilo que Ele nos revelou de Si através das Escrituras. E se não as aceito, jamais conhecerei ao Deus Único, Vivo e Eterno.
Por que Deus usou Israel para destruir os seus inimigos? Por que Ele mesmo não o fez com o seu infinito poder?
Creio que era necessário que Israel:
1)Confiasse e se entregasse completamente nas mãos de Deus, servido-O em obediência, e assim, a glória d'Ele fosse manifesta através do Seu povo;
2)Reconhecessem o poder de Deus (ainda mais diante do número esmagador de inimigos, sobrepujando em muitas vezes o total de hebreus), e, também, usufruissem da misericórdia, do amor e da graça de Deus para com o Seus eleitos, e a necessidade de Israel reconhecer a sua eleição;
3)A destruição que Israel provocou entre os seus inimigos serviria como exemplo para que ele mesmo não se rebelasse e desobedecesse ao Senhor, o que, infelizmente, não aconteceu, e o próprio povo hebreu esteve sujeito ao julgamento e a disciplina de Deus, por muitas vezes (quando Deus usou exércitos inimigos contra Israel);
4)Assim, seja contra os inimigos de Israel seja contra o Seu próprio povo, Deus revela-nos o quanto o pecado e a desobediência é abominável aos Seus olhos, e como todo pecado e impureza tem de ser castigado, pois o Senhor é santo e puro (a destruição acometia até mesmo os objetos e animais domésticos), e por isso, o Senhor Jesus Cristo pagou na cruz do Calvário os nossos pecados. Israel é exortado a manter-se em santidade e afastado das práticas idólatras dos seus inimigos, e a meditar na "mortalidade e punição" daqueles que se rebelam contra o Senhor;
4)O objetivo final de tudo é a glória de Deus. Portanto, Ele agiu por meio de Israel no AT, e age e agirá por meio da Sua igreja hoje, quando testificamos todos os Seus atributos: amor, graça, misericórdia, benignidade, longanimidade, justiça, retidão, santidade, ira... Tudo o que Deus faz é santo e justo, mesmo o extermínio de povos rebeldes.
Por isso, e sempre, Deus usará dos meios humanos para que, através deles o Seu nome seja glorificado.
É interessante como quase ninguém se arvora a questionar o julgamento de Deus sobre satanás e seus demônios, visto que o Senhor não lhes deu nenhuma oportunidade de arrependimento, nenhuma chance; e ainda os destinou a perecerem eternamente no lago de fogo. Ninguém acusa Deus de injustiça nesse caso, pelo contrário, todos O achamos justo em condenar o diabo e sua "troupe".
Nesse caso, os decretos de Deus são justos; porque então, Ele e suas decisões são questionados quando se refere à impiedade e pecaminosidade humana? Por que a Sua soberania é posta em "xeque"? Não são incoerentes aqueles que concordam com a condenação sumária de satanás e não concordam com a do homem? Afinal, não é Deus soberano sobre tudo e todos? Por que em relação ao homem Deus "agiria" em desamor ao condená-los física e espiritualmente, e em relação a satanás Ele é justo? Não há uma incongruência, uma falsa lógica sentimentalóide, hipócrita e injusta?
Se Deus julgou e condenou o diabo e os demônios que pecaram, está proibido de julgar igualmente os homens que pecaram e pecam obstinadamente? Até que ponto Deus tem de esperar o homem? E, Ele é obrigado a esperar? Baseado em quê? Na nossa acomodação e servilismo ao pecado, ou em Sua retidão e santidade?
Novamente digo: o homem quer criar um deus à sua imagem e semelhança, esquecendo-se de que Deus é Deus, perfeito em tudo; e não é como nós, que em nossa natureza caída, somos imperfeitos em tudo.
Fico ainda com a impressão de que teólogos como Cowles exigem de Deus um amor mentiroso e hipócrita o suficiente para acomodar a sua pecaminosidade (ou a de toda a humanidade rebelde), e tentar tornar Deus cúmplice dos nossos desvios.
Somente o Senhor Jesus pode imunizar-nos quanto ao pecado, tornando-nos santos como santo é nosso Deus. E ao pecador renitente, resta-lhe a condenação e juízo divinos.
Eugene Merrill aborda em seu ensaio os motivos pelos quais Deus implementou a "guerra santa" no AT [com os quais concordo em sua maioria (exceção aos aspectos dispensacionalistas), o que inclui a soberania, santidade e a glória de Deus].
Sua afirmativa de que na Igreja do NT não há lugar para a "guerra santa", a não ser em seu caráter espiritual, é procedente e biblicamente respaldada.
Ao usar as Escrituras como referência, Merrill faz o oposto de Cowles e seus exemplos nitidamente filosóficos e humanistas: crê na Bíblia como fonte e regra de fé.
Sua exegese é praticamente correta, com um ou outro senão dispensacionalista; mas infinitamente superior à abordagem incrédula de C.S.Cowles (incredulidade bíblica, e por conseguinte, do Deus ùnico e vivo: o Deus revelado nas Escrituras).
Na refutação de Cowles à posição de Merrill vê-se o pouco ou nada do conhecimento bíblico, e de Deus; e de que a Sua soberania, santidade e justiça não são "páreos" para as convicções humanistas e liberais de Cowles, as quais, ao invés de julgar o homem em sua pecaminosidade, volta-se contra Deus e sua Palavra, julgando-o à partir de suas falsas e frágeis premissas, ao invés de reverenciá-lO e glorificá-lO como o Deus revelado nas Escrituras (e naquilo que Ele quis nos revelar).
O discurso de Cowles é restritivo, pois apresenta apenas um dos atributos de Deus: o amor. Mas e a justiça, santidade, retidão...? E a aversão ao pecado? E a necessidade de se condenar o pecador? Dizer que Cristo revelou-se apenas em amor é mentira, é distorcer a Bíblia. Porque Cristo é a 2a. pessoa da Trindade Santa, e, portanto, igualmente justo, reto, santo e inimigo do pecado quanto o Pai e o Espírito Santo. Quando voltar, Cristo não voltará como servo sofredor, mas como Juiz, Senhor, Rei e Guerreiro, o qual aniquilará definitivamente o mal, o pecado e todos os rebeldes.
Os exemplos de que Cowles utiliza-se para justificar a sua tese chegam a ser pueris, para não dizer loucos, ao querer justificar as "pretensas" atitudes e a natureza de Deus a partir do homem e suas fraquezas. Seria o mesmo que colocar o homem no lugar de criador e Deus no de criatura; uma completa inversão de papeis.
Em sua ânsia de que o leitor acolha os seus delírios, chega a exemplificar com o relato de um "cristão" que "desviou-se" após ler o AT, e jamais voltou a ler a Bíblia, afastando-se da igreja por causa dos inúmeros massacres e mortes e sangue no AT.
Posso garantir, pelas Escrituras, que esse homem jamais foi um cristão verdadeiro, nascido de novo, e não passava de religioso, um crente nominal. E posso afirmar que Cowles beira a apostasia, a heresia, um lobo em pele de cordeiro com sua pretensa bondade, pois, não há outro termo para se referir a alguém que questiona, despreza e incita vergonhosa e fraudulentamente a rejeição ao AT, à Palavra de Deus. Desses, diz o Senhor, apartemo-nos.
O foco principal do livro não é o extermínio cananeu, e mesmo a continuidade da guerra santa. Diante dos pontos de vista tratados, a pergunta fundamental é: o A.T. é a palavra de Deus? E ainda: O Deus do AT é o mesmo do NT? Esta é a pergunta que cada leitor deve se fazer ao ler "Deus mandou matar?".
Cowles procura demolir toda a inerrância, inspiração divina, infalibilidade do AT, não apenas duvidando mas desqualificando-o, crendo que não foi escrito primariamente pelo Espírito Santo. Agarra-se a alguns versículos do NT em detrimento de outros, e revela uma compreensão distorcida da natureza de Deus. Ao estilo de Marcião, ele eliminaria grande parte do NT e a totalidade do AT como Cânon bíblico. Vemos a posição de um incrédulo, preocupado em que as Escrituras e Deus se moldem aos princípios caídos e corrompidos do homem.
Os demais autores Eugene Merrill, Daniel Gard e Tremper Longman III em momento algum questionam a divina inspiração do AT, confirmando-a, atendo-se à questão da continuidade ou não da guerra-santa. Ainda que academicamente, eles atacam Cowles por sua posição descrente, que para mim é pura heresia.
Suas posições quanto à continuidade da guerra santa são espirituais e escatológicas, asseverando que estamos em uma guerra espiritual, e de que Cristo virá como guerreiro para destruir definitivamente o Mal. Nenhum deles apoia o herem ou a jihad no período da Igreja, mas não anulam a revelação do herem dada pelo AT, antes, vêem-no como o ato soberano de Deus.
A leitura do livro mostrará muito mais a fé em Deus e em sua Palavra: os leitores que concordarem com Cowles, sequer podem ser chamados de cristãos. São qualquer coisa, menos seguidores de Cristo (que confirmou toda a Escritura do AT como divinamente inspirada). Aos que concordarem com qualquer ponto de vista dos demais autores (os quais estão afeitos às minúcias escatológicas e não aos fundamentos da fé) podemos chamá-los de crentes no Senhor.
Leia-o, e achará o seu lugar no Reino de Deus, ou fora dele.
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