As Cartas Para Dawkins (****)

"Desafiando Mitos Ateístas"
David Robertson
Editora Monergismo
163 páginas

"Este livro é uma coleção de cartas abertas críticas escritas em resposta ao Professor Richard Dawkins, a respeito de seu livro Deus, um delírio. O autor, David Robertson, tenta apresentar da maneira mais clara possível a falta de rigor com que Dawkins constrói o seu ataque ao cristianismo. Muito mais poderia ter sido dito para demolir o edifício de falácias construído por Dawkins sobre o falso fundamento do naturalismo, mas Robertson se contenta com uma refutação simples para atingir um público maior do que teria atingido se entrasse em uma discussão filosófica mais avançada".

10 comentários:

Jorge Fernandes Isah disse...

Sempre entendi que um darwinista baseia todas as suas convicções e conceitos não na ciência, muito menos na comprovação científica, mas na falsa premissa da não existência de Deus.
O que os move não é o conhecimento científico, nem as descobertas que "poderiam" apontar a não existência de Deus, mas o contrário, eles direcionam e acomodam a ciência para dentro do seu escopo filosófico, o qual evidencia-se metodologicamente corrompido pela forma com que se manipulam, burlam, gerenciam informações a fim de se ratificar o pressuposto filosófico da não existência de Deus.
A ciência é apenas o veículo para a corroboração da crença na descrença; ela é o meio pelo qual se propagará a fé ateísta, o materialismo e a irracionalidade, a despeito do seu apelo pseudo-racional querer excluir a fé, quando, na verdade, ele está arraigada na fé.
No fundo, o cético faz da ciência e de si mesmo os seus "deuses"; esses são os elementos forjadores da sua cosmovisão materialista, e ao rejeitarem o Criador, simplesmente o substituem por Suas criaturas (sim, a ciência não é criação humana, mas parte da criação divina, assim como o homem).
Aliada à pregação do autonomismo humano, excluí-se o teocentrismo para, em seu lugar, erguer altares antropocêntricos.
Em suas argumentações e sofismas, os crédulos ateus utilizam-se do fato da ciência não ser neutra para contaminá-la com sua filosófia naturalista, e assim dizer que agem em neutralidade. Parecendo racionais são levianos, e forçam até a exaustão o rótulo de inconsistentes, místicos e preconceituosos aos crédulos (em especial, o alvo são os cristãos) quando suas concepções estão viciadas exatamente pela inconsistência, pelo misticismo e preconceitos, e uma metodologia completamente corrompida.
Verdadeiramente, os naturalistas não estão a serviço da ciência, mas servem-se dela para atingir seus objetivos, usam-na como "ambiente" para disseminar sua filosofia.
Afinal, quem é mais crédulo? O crente ou o ateu?

Anônimo disse...

Oi Jorge!

Muito esclarecedor é o prefácio do Lucas Grassi sobre a ciência, seus desenvolvimentos e a preguiça ou ignorância dos cientistas sobre o tema da filosofia da ciência. Foi através desse prefácio que tomei conhecimento do livro "O Que é Ciência Afinal?" do Alan Chalmers. Algumas afirmações do Vincet Cheung sobre a impossibilidade da ciência realmente nos ajudar a conhecer a realidade são desenvolvidas ou esclarecidas pelo Chalmers. Uma citação do livro:

“Os desenvolvimentos modernos na filosofia da ciência têm apontado com precisão e enfatizado profundas dificuldades associadas à idéia de que a ciência repousa sobre um fundamento seguro adquirido através de observação e experimento e com a idéia de que há algum tipo de procedimento de inferência que nos possibilita derivar teorias científicas de modo confiável de uma tal base. Simplesmente não existe método que possibilite às teorias científicas serem provadas verdadeiras ou mesmo provavelmente verdadeiras.”

Um abraço!

Osmar Neves

Jorge Fernandes Isah disse...

Osmar,
Realmente o prefácio do Lucas Grassi é esclarecedor, e põe por terra o conceito de que os cientistas sabem realmente o que estão fazendo, ao considerarem-se "isentos" de pressupostos em seu ofício. Ao reputarem-se como a "resposta" à realidade, esquecem-se de que essa "resposta" por si só é uma falsa premissa, assim como a infalibilidade científica através do empirismo. Ou seja, se funciona, está certo. É outra contaminação filosófico/pragmática a que os cientistas estão "presos".
Você me indicou o livro do Chalmers, ainda não o comprei, mas acabei comprando por uma pechincha na Estante Virtual o livro "A Força da Convicção" do Guillebaud (novinho em folha), que você igualmente indicou. Espero lê-lo em breve.
Vou à caça ao Chalmers, também. Ainda mais com a inserção do trecho do livro que você transcreveu.
Mudando de assunto, vi o seu comentário no "Tempora", e a indicação do livro do Cheung "O Autor do Pecado". Muito boa dica, mas será que os leitores se conformarão à confrontação bíblica exposta pelo autor?
Cristo o abençoe!
Forte abraço.

Jorge Fernandes Isah disse...

É interessante que o "novo ateísmo" proclama a liberdade do homem de todas as formas de opressão religiosa, e o faça direcionando-o explicitamente ao materialismo filosófico, como única e última opção. Ou seja, prega-se uma "libertação", mas essa libertação somente existirá se o liberto tornar-se ateu. Não é interessante? Quer dizer que para se ser livre, o homem somente o será se a liberdade o levar ao âmago do sistema ateísta. Não se parece com o discurso marxista? Ao livrar o homem do capitalismo, fatalmente, a única opção passa a ser o comunismo. O homem é livre para escolher o comunismo, e tão somente ele; e, chegando lá, estará invariavelmente aprisionado ao sistema, sem nenhuma chance de volta ou outra opção de escolha. Essa afinal é a liberdade do ateísmo e do marxismo... mais uma mentira vergonhosa, em que o homem está preso na suposta liberdade de manter-se preso.
Dawkins prega a mesma libertação comunista: a de aprisionar o homem no ateísmo, no materialismo. E somente estando-se ali, ele será, no seu conceito esdrúxulo, verdadeiramente livre. E depois nos chamam de burros, de cegos.
Mas como esses homens podem conviver com tanta incoerência e ilogicidade? Somente a desonestidade intelectual como resposta. Ou seria uma fé equivocada?

Jorge Fernandes Isah disse...

Robertson refuta os pontos principais defendidos por Dawkins (o que não é difícil, dada a fragilidade conceitual mesmo dos pontos principais de Dawkins). Em muitos deles, Robertson se utiliza dos próprios argumentos de Dawkins para confrontá-lo e demoli-lo (novamente, Richard constroi sua tese a partir do antitético), mas Dawkins não haveria de ceder; e despejar o seu preconceito e técnicas simplórias de manipulação, parecem absolvê-lo da culpa imputada.
David escreve um livro realmente fácil e atraente de se ler, não precisando ser nenhum filósofo (no sentido acadêmico) para apreciá-lo.
Contudo, há dois pontos que discordo do que David expõe:
1)Para não parecer (e talvez ele não seja mesmo) um cristão fundamentalista, utiliza-se de uma reflexão à palestra do Dr. Greg Bahnsen: "A maior parte do que ele disse foi excelente, mas depois ele deu um grande e abrupto salto tentando provar que o código civil mosaico do Antigo Testamento, incluindo as penas, deveria ser aplicado pelo estado hoje. Eu, como a maioria dos cristãos ali, ficamos horrorizados pela má aplicação dele da Bíblia" (pg. 102). Pergunto: Por que citar esse fato, e ainda por cima, utilizá-lo como argumento para equiparar a tática de Dawkins de explorar os "periféricos da fé" em seus extremimos como o padrão cristão? Por acaso, David Robertson quis dizer que o Dr. Bahnsen era um lunático? E ao citar um grande economista e filósofo cristão, já falecido, em respeito à sua memória, deveria explicar em quê e por quê ele estava equivocado, e sua interpretação bíblica era má e viciosa.
No mínimo, Robertson foi improdutivo quanto ao tema debatido com Dawkins (a inserção da sua reflexão à palestra do Dr. Bahnsen é desnecessária), e desrepeitoso para com Bahnsen (talvez até mesmo desleal, pois, com essa afirmação, colocou o seu pensamento acima do pensamento do Dr. Greg, sem dar a este a possibilidade de resposta, caso quisesse).
Indenpendente do Dr. Bahnsen estar certo ou não, Robertson utilizou-se de um artifício que aparentemente o salvou da acusação de Dawkins, contudo, seria isso ético e moral? (Concordo com a teonomia do Dr. Bahnsen. Ainda que não a veja possível num mundo caído e que despreza a Deus [porque a Lei do Senhor é perfeita], vejo-a como solução para a injustiça e perversão humanas, a forma de coibi-las, refreá-las, e foi com esse intuito que Deus estabeleceu a Sua lei para o Seu povo).

Jorge Fernandes Isah disse...

2)Usar o livre-arbítrio humano para demolir o determinismo genético de Dawkins, segundo o qual, tudo no universo está condicionado à programação genética da vida, ou seja, o gene é o "senhor" que controla, coordena, aplica e viabiliza toda a vida humana, é, no mínimo, uma saída estranha à recusa da moral cristã por Richard.
A moral é estabelecida e determinada pela Lei Moral divina, a qual, o próprio David contesta (ainda que parcialmente) ao afirmar o erro interpretativo do Dr. Bahnsen. Então, se o padrão de Deus não é o correto (o código civil mosaico foi estabelecido por Ele), como David pode utilizá-lo para confrontar Dawkins? O qual afirma ser o senso moral algo inerente ao homem, contido, exatamente pelo determinismo do gene? Da mesma forma, podemos dizer que a moral é algo inerente ao homem porque Deus o criou, e somos feitos à Sua imagem e semelhança, logo, ainda que o transgredimos, o temos gravado em nossos corações.
A liberdade do homem é estabelecida pela sua obediência à Lei Moral ou pela sua desobediência? O que a liberdade do homem pode significar a fim de se compreender a Lei Moral como a infalível vontade de Deus para o homem? A liberdade do homem pode torná-lo aceitável? Em que a possibilidade de escolha pode enfraquecer ou fortalecer a Lei Moral? Por que assim o homem é responsável perante Deus? Ou por que a vontade de Deus é que estabelece a responsabilidade humana, e não a sua liberdade de escolha?
Uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Dawkins reconhece a moral, não a moral cristã, mas a moral secular que, assim como o homem, evoluirá até a perfeição ou próximo dela. Não tem nada de Deus. No seu dizer, a moral é algo que o homem criou do nada, e com o passar dos anos, esse senso moral foi "evoluindo", e hoje temos uma sociedade mais moral não por causa do cristianismo bíblico, mas por causa da ciência. A mesma ciência que, pela premissa evolutiva, muitas vezes, pregou a imoralidade pelo viés cientificista.
Bem, voltando ao Dr. Robertson, o livre-arbítrio não derruba a tese do determinismo genético de Dawkins. Um conceito não-bíblico não pode derrubar outro conceito não-bíblico que se opõe a um conceito bíblico. Apenas o conceito bíblico da autoridade divina pode destruir o não-bíblico de Dawkins. Por que somos feitos à imagem de Deus? Porque assim Ele quis. Por que o homem, ao pecar, morrerá? Porque assim Deus quis. Por que Ele estabeleceu Sua lei para que o homem cumprisse? Sem entrar muito nos detalhes, foi porque assim aprouve a Deus.
Logo, não é uma escolha humana, mas a decisão divina de proceder e agir dessa forma, a fim de que, Sua glória, poder e justiça fossem atestados por Suas criaturas.
De qualquer forma, o debate entre Dawkins e Robertson não é teológico, ainda que o tema seja teológico (a existência de Deus), mas filosófico. De certa forma, o que vejo é a possibilidade de Robertson sair ainda melhor se não se apegasse a conceitos humanísticos em detrimento dos conceitos bíblicos. Mas isso não deprecia suas refutações (que estão no nível humano, portanto, falíveis), apenas não lhe dá uma vitória rápida sobre o seu opositor.
As Cartas para Dawkins expõem tudo o que a falácia produz como argumentos insustentáveis e ilógicos. A menos que se seja como os trilhos de uma ferrovia, e se caminhe entre a bitola da qual jamais se livrará, o livro de Roberson pode ser um auxílio para livrar o ateu da sua prisão.

Jorge Fernandes Isah disse...

Interessante como o neo-ateísmo parece excluir a História. O modelo que desejam para a sociedade é, basicamente, o modelo marxista implementando na extinta URSS por Lenin e Stalin, na China por Mao, em Cuba por Fidel, no Camboja por Pol Pot, e em tantos outros lugares; é o mesmo projetado pelo ateísmo moderno: para aniquilar a idéia de Deus é preciso exterminar o homem. Milhões de pessoas sentiram na pele a ideologia marxista, o controle do estado sobre a sociedade e o indivíduo, a impossibilidade de se "escapar" com vida desse sistema, o ser controlado completamente pelas forças de "libertação", ou seja, fazer do homem uma simples máquina a servido do estado. O estado não serve, é servido em sua voracidade assassina. Da mesma forma, o gene egoísta é a nova desculpa para que o estado controle, domine e subjugue o homem. E a desculpa é sempre a mesma mentira escandalosa: assim é melhor! Mas para quem?
Dr. Robertson revela-nos a loucura doentia do neo-ateísmo, que simplesmente revive conceitos experimentados e fracassados à exaustão, como se fossem novidade. Será que os novos ateus pretendem reescrever a História, ou ficarão apenas na idade média, em especial no período negro da inquisição? Se o falso cristianismo existe e é injusto, há contudo o verdadeiro cristianismo, o qual é justo. Mas o que dizer do marxismo? Em qual lugar houve justiça? Ele apenas promove a injustiça em sua sanha destrutiva, em sua descrença em Deus e nos valores cristãos. Ateísmo e marxismo são irmãos siameses a serviço do mesmo senhor: o diabo!
Ao final, Dr. Robertson faz uma doxologia a Cristo, nas duas páginas derradeiras. É sempre bom ler um cristão, se ele tiver comprometimento com a verdade, Cristo e o Seu evangelho.

Oliveira disse...

Tive a mesma impressão quando li a parte que falava do Bahnsen.

Aliás, vejo que já estás logicamente e conceitualmente "atolado" na teonomia.

Doutrina que eu reputo correta, por mais absurda que pareça, e me pergunto: Por que não?

Tenha cá minhas dúvidas que a Lei de Deus quanto aos aspectos civis tenham sido abolida pelo NT.

L. G. Freire disse...

Oi Jorge,

Agradeco os comentarios gentis sobre o prefacio e concordo com vc na parte sobre Bahnsen. Ali Robertson escorregou mesmo.

Abs

Jorge Fernandes Isah disse...

Lucas,
O seu prefácio ao livro é muito bom mesmo. Não tem do que agradecer.
Cristo o abençoe!
Abraços.

Após a leitura, classificarei os livros assim:
Péssimo [0] Ruim [*] Regular [**] Bom [***] Muito Bom [****] Excelente [*****]